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Edição Atual
Volume 23 - Nº09 - Setembro/2008

SUMÁRIO
Setembro caracterizou-se pela ocorrência de temperaturas elevadas e ausência de precipitação sobre grande parte das Regiões Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Por outro lado, a atuação dos sistemas frontais e o deslocamento de cavados na média e alta troposfera favoreceram a ocorrência de chuvas intensas e queda de granizo no leste da Região Sudeste, particularmente em cidades no leste de Minas Gerais. Nesta área, em grande parte da Região Norte e no leste da Região Sul, choveu acima da média histórica. Destacou-se, também, a incursão de uma intensa massa de ar frio no centro-sul do País, o que resultou em temperaturas mínimas abaixo da climatologia na maior parte das Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Na Região Norte, registraram-se dois episódios de friagem neste mês.

O campo de anomalias da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) evidenciou a persistência de desvios positivos na região do Pacífico Leste, porém com diminuição da magnitude dessas anomalias em comparação com agosto passado. Por outro lado, os ventos alísios intensos e a atividade convectiva acima da climatologia na região da Indonésia refletiram a persistência de condições associadas ao fenômeno La Niña na região do Niño 4.

As vazões diminuíram na maioria das bacias brasileiras, consistente com a diminuição da chuva na maior parte do País. Nas bacias do Atlântico Sudeste, Uruguai e sul da bacia do Paraná, as vazões ficaram predominantemente abaixo da MLT.

No Brasil, o número total de queimadas atingiu aproximadamente 26.200 e exedeu em aproximadamente 49% os focos detectados em agosto passado.


A Temperatura da Superfície do Mar (TSM) apresentou uma diminuição em magnitude das anomalias positivas na região do Pacífico Leste, em comparação com agosto passado (Figura 1). Na região do Niño 1+2, a anomalia positiva passou de 1,1ºC para 0,7ºC, enquanto que, nas regiões dos Niños 3.4 e 4, as anomalias médias de TSM foram respectivamente iguais a -0,2ºC e -0,4ºC ( Figura 2 e
Tabela 1). Ressalta-se que, entre as longitudes 160ºW e 140ºW, a temperatura do mar na camada sub-superficial (aproximadamente 150 m) apresentou-se abaixo da climatologia em até -3ºC. Esta situação indicou uma tendência de persistirem condições de La Niña na região do Pacífico Oeste. Na região do Atlântico Norte, aumentou a área de anomalias positivas de TSM, consistente com a atuação preferencial da ZCIT ao norte de 7ºN (ver seção 3.3.1).

O campo de anomalia de Radiação de Onda Longa (ROL) destacou a persistência de áreas com atividade convectiva acima da média na região da Indonésia, refletindo a continuidade do padrão associado ao fenômeno La Niña (Figura 5). No setor central da América do Sul, a área de anomalia positiva de ROL foi consistente com a ocorrência de chuvas abaixo da média numa extensa área sobre o oeste do Brasil (ver seção 2.1). Na região do Atlântico Norte, embora os valores de TSM tenham se apresentado acima da média, a atividade convectiva associada à ZCIT ocorreu dentro da normalidade.

O campo de anomalia de Pressão ao Nível do Mar (PNM) evidenciou uma configuração de onda 3 nas latitudes médias do Hemisfério Sul, com um dos centros sobre o sudoeste do Atlântico Sul, o qual influenciou essa região no decorrer deste mês (Figura 6). Notou-se, também, o sistema de alta semi-estacionário do Atlântico Sul centrado em aproximadamente 28ºS/15ºW, ao norte de sua climatologia, e, portanto, consistente com a anomalia positiva de PNM nesta área. Contudo, diferente do observado em agosto passado, esta configuração pouco contribuiu para a intensificação da convergência de umidade adjacente à costa leste da Região Nordeste do Brasil, onde as chuvas ocorreram preferencialmente abaixo da média histórica (ver seção 2.1).

No escoamento médio em 850 hPa, foi notada a extensa área de anomalia anticiclônica que dominou nas latitudes extratropicais entre os continentes sul-americano e africano (Figuras 7 e 8). Sobre o Atlântico Tropical Norte, os alísios apresentaram-se mais relaxados, refletindo o aumento da TSM nesta área.

No campo de anomalia de vento em 200 hPa, destacaram-se os pares de circulações anômalas sobre os oceanos Pacífico Oeste e Atlântico (Figuras 9 e 10).

No campo de altura geopotencial em 500 hPa, o número de onda 3 apresentou-se bem caracterizado nas latitudes médias do Hemisfério Sul (Figura 12).

O início de setembro foi marcado pela atuação de um ciclone extratropical adjacente à costa da Região Sul. Na segunda quinzena, a passagem de dois sistemas frontais e de cavados na média e alta troposfera causaram temporais seguidos por intensos episódios de precipitação de granizo em cidades na Região Sul e no leste da Região Sudeste. No leste de Minas Gerais, as precipitações de granizo causaram prejuízos à população. Algumas cidades no norte do Espírito Santo, no oeste do Piauí e no leste do Maranhão também foram afetadas por chuva forte e queda de granizo. Por outro lado, a estiagem prolongada causou problemas à população do norte de Minas Gerais, de várias cidades do interior do Nordeste, de Rondônia, do Mato Grosso e de Palmas.
As Figuras 13 e 14 mostram a precipitação observada em todo o Brasil e os desvios em relação aos valores médios históricos. A distribuição espacial das estações utilizadas na análise de precipitação é mostrada na Figura 15. A análise detalhada do comportamento das chuvas para cada uma das Regiões do Brasil é feita a seguir.

Linhas de Instabilidade (LI´s) na costa norte e áreas de intenso calor e umidade no interior foram as principais causas para a ocorrência de chuvas na maior parte desta Região. Durante a primeira quinzena, ocorreram temporais com rajadas de ventos nos Estados do Acre e Rondônia. No dia 07, registrou-se acumulado de chuva igual a 114 mm no município de Tarauacá, norte do Acre. No dia 10, vários municípios de Rondônia foram afetados por um forte vendaval. Em média, os ventos chegaram a 75 km/h nas regiões de Cacoal e Ariquemes e a 95 km/h entre Jaru e Ouro Preto do Oeste. Na região de Ji-Paraná e Ministro Andreazza, as rajadas passaram de 100 km/h. Em Tocantins, a precipitação esteve próxima à média climatológica.

Os totais pluviométricos ocorreram abaixo da média climatológica na maior parte da Região. No dia 10, um temporal no norte do Mato Grosso causou vento forte que atingiu 64,2 km/h em Alta Floresta (Fonte: METAR). No dia 12, a formação de um sistema convectivo associado à proximidade de um sistema frontal ocasionou chuva forte em Campo Grande, no sul do Mato Grosso, com rajada de vento que atingiu 92,6 km/h (Fonte: INMET). Em Brasília-DF, após um longo período de seca, choveu em toda a capital na tarde do dia 25, inclusive com ocorrência de granizo em algumas áreas. Segundo o INMET, o total de chuva acumulado no dia seguinte foi igual a 39 mm.

Choveu ligeiramente abaixo da média climatológica em toda a Região. Ressalta-se a redução climatológica da chuva sobre o Nordeste, neste período do ano. Entretanto, no extremo sudoeste da Bahia, as chuvas ficaram um pouco acima da média devido à atuação do quarto sistema frontal (ver seção 3.1). Nos dias 23 e 24 ocorreram temporais com rajadas de ventos e queda de granizo em Floriano–PI e em Barão do Grajaú-MA. Em Floriano, o granizo destruiu parcialmente o telhado de 50 casas e várias famílias ficaram desabrigadas.

A atuação de sistemas frontais no decorrer da segunda quinzena favoreceu o aumento de áreas de instabilidade em Minas Gerais, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Os temporais mais intensos ocorreram entre os dias 14 e 16, associados à atuação do terceiro sistema frontal, e no período de 23 a 26, inclusive com ocorrência de granizo e ventos fortes que causaram destruição em várias cidades. Destacaram-se os 57,8 mm de chuva registrados em Viçosa, no leste de Minas Gerais, no dia 16. No dia 23, as cidades de Nova Venécia e Ecoporanga, no norte do Espírito Santo, foram afetadas por chuva forte seguida de queda de granizo. Em Uberaba-MG, o total de chuva foi igual a 35 mm no dia 26, com rajadas de vento de até 68,4 km/h. Destacaram-se também as cidades de Betim, Belo Horizonte e Santana da Vargem e Uberaba, onde a queda de granizo causou prejuízos à população.

No início de setembro, a atuação de um ciclone extratropical adjacente à costa da Região Sul contribuiu para a ocorrência de precipitação de neve na serra catarinense e na região de Pinheiro Machado, sudeste do Rio Grande do Sul (ver seção 3.2). No dia 06, a chuva acumulada foi igual a 103 mm em Torres-RS e 57 mm em Porto Alegre-RS. Neste mesmo dia, registraram-se 52 mm em São Joaquim e rajada de vento que atingiu 91,8 km/h em Urubici, cidades localizadas no leste de Santa Catarina. Destacou-se, também, os 60 mm de chuva acumulados na cidade de Porto Alegre-RS nos dias 11 e 12, devido à atuação do terceiro sistema frontal. De modo geral, choveu acima da média climatológica na primeira quinzena do mês, principalmente nas regiões central e litoral do Rio Grande do Sul e em todo o Estado de Santa Catarina. Temporais com ventos fortes, queda de granizo e chuvas intensas e isoladas, ocorreram em quase todo o Rio Grande do Sul, no oeste e sudoeste do Paraná. Índices pluviométricos acima da média em até 100 mm foram registrados em Santa Catarina, nas cidades de Florianópolis, São Joaquim e Urubici.

Em setembro, as temperaturas máximas continuaram mais acentuadas nas Regiões Norte, Centro-Oeste e oeste da Região Nordeste (Figura 16), com destaque para os maiores desvios positivos no Mato Grosso e em Goiás (Figura 17). Mesmo na Região Sul, onde os valores médios mensais de temperatura máxima ocorreram abaixo da climatologia, destacaram-se as cidades de Criciúma e Forquilhinha, no sudeste de Santa Catarina, que registraram valores iguais a 38ºC e 39ºC, respectivamente (Fonte: EPAGRI). A temperatura mínima média mensal variou entre 6ºC, na serra catarinense, e 24ºC, no norte da Região Norte (Figura 18). As temperaturas mínimas apresentaram-se abaixo da média na maior parte do centro-sul do Brasil (Figura 19). Nesta área, foi a nebulosidade associada aos sistemas frontais e a incursão de massas de ar frio que contribuiu para a ocorrência de temperatura mínima abaixo da climatologia (ver seção 3.1). No Estado de São Paulo, a temperatura média mensal variou entre 14ºC e 24ºC, com maior ocorrência de valores acima da média no setor leste (Figuras20 e
21).

Quatro sistemas frontais atuaram no Brasil, durante o mês de setembro (Figura 22). Este número ficou abaixo da climatologia para este mês, que é de sete sistemas entre as latitudes 25oS e 35oS. Destes sistemas, dois avançaram até o litoral da Região Nordeste.

A primeira frente fria ingressou em Santa Vitória do Palmar-RS no dia 03. Pelo litoral, este sistema deslocou-se até Paranaguá-PR, onde se posicionou no dia 5. Este sistema não provocou chuva significativa, porém favoreceu a incursão de intensa massa de ar frio (ver seção 3.2)

O segundo sistema frontal formou-se a partir de uma ciclogênese na altura de Florianópolis-SC. Este sistema foi intensificado pela atuação de um cavado em altitude e também precedeu a incursão de uma intensa massa de ar frio. Esta frente fria avançou até o litoral do Rio de Janeiro, onde se manteve estacionária no decorrer do dia 08. Pelo interior, atingiu a cidade de Diamantino-MT.

No dia 11, a formação de um centro de baixa pressão próximo a Santa Vitória do Palmar-RS deu origem ao terceiro sistema frontal de setembro. Este sistema deslocou-se pela costa brasileira até o litoral sul da Bahia, posicionando-se em Ilhéus no dia 19. Durante sua trajetória, esta frente foi intensificada por um cavado que atuou na média e alta troposfera e pela passagem do jato subtropical (ver seção 4.1). Pelo interior, este terceiro sistema deslocou-se até Campo Grande-MS.

O quarto sistema frontal também teve sua origem a partir da formação de uma ciclogênese próximo ao Rio Grande do Sul, no dia 21. Ressalta-se, também, a formação de um cavado invertido em superfície e a presença de um vórtice ciclônico em 500 hPa. Esta ciclogênese intensificou-se entre o litoral norte do Rio Grande do Sul e o litoral sul de Santa Catarina, onde provocou rajadas de vento de 100 km/h em Laguna. No dia 24, esta frente atingiu a cidade de Caravelas-BA. Na região do Vale do Paraíba, nordeste de São Paulo, no Rio de Janeiro, no centro-sul e leste de Minas Gerais (incluindo a capital, Belo Horizonte) e no Espírito Santo, ocorreram intensas áreas de instabilidade no período de 26 a 28. Houve queda de granizo em várias localidades. Ressalta-se que este sistema esteve associado a uma região de ar frio em 500 hPa.

Durante setembro, três massas de ar frio atuaram no País. Houve dois episódios de friagem, um no início e outro no final de setembro, que provocaram queda acentuada de temperatura no Mato Grosso, Acre e no sul de Rondônia. Estes episódios estiveram associados à atuação do segundo e quarto sistemas frontais, respectivamente (ver seção 3.1). O anticiclone observado no final de agosto continuou afetando a faixa litorânea da Região Sudeste e o sul da Região Nordeste no dia 01, deslocando-se para o oceano no dia seguinte.

No dia 04, a primeira massa de ar frio ingressou pelo Rio Grande do Sul. No dia 06, o anticiclone associado dividiu-se em dois núcleos, devido à configuração de um centro de baixa pressão adjacente à Região Sul. O anticiclone que atuou no interior do continente afetou o Centro-Oeste, o sul da Região Norte e oeste das Regiões Sul e Sudeste até o dia 08. No dia seguinte, este anticiclone posicionou-se sobre o oceano, na altura do litoral do Rio Grande do Sul. A propagação desta massa de ar frio pelo interior do continente favoreceu a ocorrência de mais um episódio de friagem (o sétimo no ano) no Acre e em Rondônia. Entre os dias 05 e 07, a temperatura mínima declinou 6,7ºC em Vilhena-RO, passando a 14,4ºC no dia 07 (Fonte: INMET). Esta massa de ar frio também causou queda significativa de temperatura e geada na Região Sul do Brasil, assim como a ocorrência de precipitação de neve em São Joaquim, região serrana de Santa Catarina, no dia 06 (Fonte: CIRAM). Na cidade de Urubici-SC, a temperatura mínima chegou a 1,7ºC no dia 07, segundo dados do INMET.

No decorrer do dia 12, a segunda massa de ar frio ingressou pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A partir do dia 13 até o dia 17, o anticiclone continental associado atuou nas Regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e na Região Norte do Brasil. Nos dias 18 e 19, este anticiclone afetou o litoral sul do Rio Grande do Sul, estendendo-se até a Região Sudeste, indo para o oceano no dia seguinte.

A terceira massa de ar frio continental ingressou pelo oeste das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e sul da Região Norte no dia 21. No dia 24, a temperatura mínima registrada em São Joaquim-SC foi igual a 2ºC (Fonte: INMET). A partir do dia 26, o anticiclone associado atuou no litoral das Regiões Sul e Sudeste. No dia 30, este sistema encontrava-se sobre o oceano adjacente. Esta massa de ar frio provocou o segundo evento de friagem do mês, o oitavo do ano, afetando principalmente os Estados de Rondônia e Acre, no dia 20, e o sudoeste do Amazonas, no dia 21.

A atividade convectiva foi reduzida na maior parte do Brasil durante a 1ª, 2ª e 3ª pêntadas de setembro (Figura 23). Nas demais pêntadas, a incursão de sistemas frontais contribuiu para o aumento das chuvas nas Regiões Sul, Sudeste e em parte da Região Centro-Oeste. Em todas as pêntadas, a banda de nebulosidade convectiva associada à ZCIT foi notada entre as latitudes 5ºN e 10ºN (ver seção 3.3.1).

A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) atuou em torno de sua posição climatológica, posicionando-se entre 5ºN e 10ºN no decorrer de setembro (Figura 24). Considerando as imagens médias de temperatura de brilho mínima, obtidas através de imagens do satélite GOES-10, a região de maior atividade da ZCIT ocorreu próxima à costa da África, como esperado nesta época do ano (Figura 25).

Em setembro, as Linhas de Instabilidade (LI’s) foram observadas em doze episódios (Figura 26). Estas LI's estiveram bem configuradas nos dias 11 e 12, quando se estenderam desde as Guianas até o norte do Maranhão. De modo geral, as LI's causaram chuvas fracas ao longo da costa norte do Brasil.

Durante setembro, embora o escoamento anticiclônico sobre o Atlântico Sul tenha favorecido o aumento da nebulosidade estratiforme na costa leste da Região Nordeste do Brasil, houve apenas a formação de um aglomerado de nuvens estratiformes associados à propagação de Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL), conforme ilustra a Figura 27. Este episódio ocorreu entre os dias 03 e 04, proporcionando aumento da chuva no leste da Paraíba e Pernambuco.

O jato subtropical atuou com maior freqüência sobre a região centro-norte do Chile e Argentina, Uruguai, Paraguai e sul do Brasil, com magnitude média mensal entre 30 m/s e 40 m/s (Figura 28a). Neste mês de setembro, o jato atuou preferencialmente ao norte da posição observada em agosto passado e da sua climatologia. A corrente de jato apresentou-se bastante intensa sobre a América do Sul no período de 01 a 04, quando atingiu magnitude superior a 70 m/s sobre o setor central do Chile e Argentina, conforme ilustra a 28b. Neste período, destacou-se a formação de um cavado que aumentou a convergência de umidade no leste da Região Nordeste. Destacou-se, contudo, a atuação mais intensa do jato subtropical sobre o território brasileiro no decorrer da segunda quinzena de setembro, favorecendo o deslocamento mais ao norte dos sistemas frontais (ver seção 3.1). As Figuras28c e
Figura 28d ilustram a atuação do jato subtropical no dia 21, quando foi notada a intensificação do quarto sistema frontal à superfície (ver seção 3.1). Neste dia, registraram-se rajadas de vento de até 100 km/h em Laguna, litoral sudeste de Santa Catarina.

Em setembro, a configuração de Vórtices Ciclônicos em Altos Níveis (VCAN) foi notada em apenas dois episódios (Figura 29). Sobre o leste do Brasil e oceano adjacente, notou-se a atuação de cavados em altos níveis em vários períodos do mês, a saber: 01 a 04, 10 a 13, 17 a 21 e de 23 a 30. De modo geral, estes cavados ocorreram em conjunto com a presença do jato subtropical mais intenso sobre a América do Sul (ver seção 4.1).

Setembro foi um mês de chuvas escassas na maioria das bacias brasileiras. De modo geral, as vazões continuaram em queda nas bacias do Amazonas, Tocantins, São Francisco e norte da bacia do Paraná. Nas bacias do Atlântico Sudeste, Uruguai e sul da bacia do Paraná, também houve diminuição das vazões e predominância de desvios negativos, quando considerados os correspondentes valores da MLT.

A Figura 30 mostra a localização das estações utilizadas nestas análises. A evolução temporal da vazão, para cada uma destas estações, e as respectivas Médias de Longo Termo (MLT) são mostradas na Figura 31. Os valores médios das vazões nas estações monitoradas e os desvios em relação à MLT são mostrados na Tabela 2.

Na estação Manacapuru-AM, as vazões foram calculadas a partir das cotas observadas no Rio Negro, utilizando um modelo estatístico (ver nota no 8 no final desta edição). Neste mês, a
altura máxima registrada foi 27,21 m, a mínima foi 24,52 m e a média igual a 26,03 m (Figura 32).

Na bacia do Amazonas, apenas a estação Balbina-AM apresentou vazão média maior que o valor registrado em agosto passado. Nesta estação e em Coaracy Nunes-AP, os valores excederam a MLT. As demais estações apresentaram comportamento similar à estação Tucuruí, na bacia do Tocantins, ou seja, vazão média menor que a observada no mês anterior e abaixo da MLT.

A bacia do São Francisco apresentou diminuição da vazão na estação de Sobradinho-BA, com ocorrência de desvio positivo se considerada a MLT. Por outro lado, na estação Três Marias-MG, a vazão aumentou em comparação com o mês anterior e ficou acima da MLT.

Na bacia do Paraná, apenas a estação Furnas-PR apresentou um ligeiro aumento da vazão em comparação com agosto passado. De modo geral, predominaram desvios positivos no norte desta bacia e negativos na parte sul.

Na bacia do Atlântico Sudeste e do Uruguai, as vazões médias nas estações monitoradas foram menores que as observadas em agosto passado, com exceção da estação Blumenau-SC, onde a vazão aumentou seguindo o comportamento da precipitação no Vale do Itajaí (Tabela 3). Considerando a MLT, as vazões estiveram abaixo dos valores esperados para este mês nestas duas bacias.

Cerca de 26.200 focos de queimadas foram detectados no País, pelo satélite NOAA-151, no decorrer de setembro (Figura33). Este valor ficou aproximadamente 49% superior aos focos detectados em agosto passado e permaneceu dentro do esperado, em se tratando de um mês de estiagem em quase todo o País.

Em comparação com setembro de 2007, verificou-se que o número de focos diminuiu 59%. Na Região Centro-Oeste, manteve-se a tendência dos meses anteriores ou seja, houve redução no Mato Grosso (74%, 5.600 focos), em Goiás (57%, 960 focos) e no Mato Grosso do Sul (63%, 1.030 focos). Esta redução foi, em parte, explicada pelas ações de combate e punição às atividades ilegais de desmate e queima, além da proibição das queimadas no Mato Grosso. Também houve considerável redução nas demais regiões do País, destacando-se os Estados do Maranhão (58%, 2.530 focos), Tocantins (56%, 2329 focos), Goiás (57%, 956 focos), Pará (53%, 5.730 focos), Piauí (52%, 1.030 focos), Bahia (42%, 2.000 focos), Minas Gerais (44%, 1.110 focos), Acre (39%, 200 focos), Rondônia (35%, 2.100 focos), Amazonas (37%, 330 focosf) e em São Paulo (20%, 170 focos).

Nos demais paises da América do Sul, tambem houve redução no Paraguai (55%, 2.400 focos), Bolívia (8%, 9.840 focos) e Peru (12%, 150 focos). Houve aumento apenas na Argentina (48%, 3.340 focos).
 
1Dados dos satélites NOAA-12 e NOAA-15 reprocessados em janeiro de 2009 e texto atualizado em 01/02/2010. Ver nota explicativa, no 12, no final desta edição.

Em setembro, foram observadas anomalias negativas de Pressão ao Nível do Mar (PNM) nos mares de Amundsen (até -16 hPa), Ross, Dumont D'Urville e Lazarev, e positivas nos mares de Weddell, Davis e na Passagem de Drake (Figura 34). No nível de 500 hPa, registrou-se anomalia positiva de geopotencial no platô antártico, invertendo a situação observada no mês anterior.

No campo mensal de anomalia de vento em 925 hPa, destacaram-se o escoamento ciclônico anômalo entre a região antártica e o setor sudeste do Oceano Pacífico Sul e o escoamento anticiclônico entre o sudoeste do Oceano Atlântico Sul e o Oceano Austral (Figura 35). Foram registrados três episódios de escoamento de ar de sul para norte, a partir do norte e nordeste do mar de Bellingshausen e noroeste do mar Weddell, em direção ao sul do Brasil, totalizando quatro dias.

A temperatura do ar em 925 hPa teve predomínio de anomalias positivas no Oceano Austral, com destaque para as anomalias positivas de até 8°C nos mares de Ross, Amundsen, Bellingshausen e Weddel. Anomalias negativas de até - 4ºC foram observadas ao norte dos mares de Amundsen e Lazarev (Figura 36). No nível de 500 hPa, foram registradas temperaturas cerca de 4ºC acima da climatologia no interior do continente.

A anomalia ciclônica notada no escoamento em 925 hPa (ver Figura 35) contribuiu, provavelmente, para fraca retração na extensão do gelo marinho próximo à Península Antártica nos mares de Bellingshausen e Weddell (Figura 37).

Na estação brasileira, Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), registraram-se ventos predominantes de norte. A magnitude média mensal do vento foi de 6,7 m/s, pouco acima da média climatológica deste mês (6,5 m/s). A temperatura média do ar de 0,1ºC ficou acima da normal (-3,8ºC) bem como a média das mínimas -1,8ºC (-6,5ºC, climatologia) e das máximas 2,1ºC (-1,1ºC, climatologia). Ressalta-se que este foi um mês com os maiores desvios positivos de toda a série (período de 1986 a 2008), colaborando com a tendência de temperaturas pouco acima da média observadas desde maio/2008. Dados anuais completos e resumos mensais, bem como a climatologia da EACF, encontram-se disponíveis no site http://antartica.cptec.inpe.br/~rantar/data/resumos/climatoleacf.xls. As indicações geográficas dos mares da Antártica estão disponíveis no final desta edição (verFigura B, no Apêndice).

[Figura A] [Figura B] [Figura C]

[Figura 1] [Figura 2] [Figura 3] [Figura 4] [Figura 5] [Figura 6] [Figura 7] [Figura 8] [Figura 9] [Figura 10] [Figura 11] [Figura 12] [Figura 13] [Figura 14] [Figura 15] [Figura 16] [Figura 17] [Figura 18] [Figura 19] [Figura 20] [Figura 21] [Figura 22] [Figura 23] [Figura 24] [Figura 25] [Figura 26] [Figura 27] [Figura 28] [Figura 29] [Figura 30] [Figura 31] [Figura 32] [Figura 33] [Figura 34] [Figura 35] [Figura 36] [Figura 37]

[Tabela 1] [Tabela 2] [Tabela 3]

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