Em janeiro, observou-se uma diminuição das áreas cobertas por anomalias negativas de TSM nas regiões Niño 1+2, 3.4 e 4, em relação ao mês de dezembro. Na região Niño 1+2 (costa oeste da América do Sul, próximo ao Peru e Equador), observaram-se pequenos núcleos com TSM’s abaixo da média em até 0,5oC. Na região dos Niños 3.4 e 4, as TSM’s estiveram aproximadamente 1oC abaixo da média (Figuras 1 e 2 e tabela 1). Esta configuração indica que o fenômeno La Niña ainda se encontra atuante, porém com fraca intensidade.
No setor norte do Oceano Atlântico Tropical, verifica-se a persistência de desvios negativos no Atlântico Norte (-0,5oC). No Atlântico Tropical Sul, as TSM’s estão próximas à média (Figura 3). Essa configuração é favorável à ocorrência de chuvas no setor norte do Nordeste do Brasil. Na costa do Brasil, predominaram desvios positivos desde o Rio Grande do Sul até Pernambuco (Figura 1), com anomalias mais intensas em uma faixa que se estende para o Oceano Atlântico, desde o litoral sudeste do Brasil. Essa situação favorece a intensificação dos sistemas frontais nessa faixa do oceano.
A convecção tropical, inferida pelo campo de Radiação de Onda Longa (ROL), Figura 4, esteve abaixo da média (anomalias positivas de ROL) no Pacífico Equatorial Oeste (região Niño 4), concordando com os desvios negativos de TSM (Figura 1). Sobre a Indonésia, anomalias negativas de ROL sugerem que a convecção esteve acima da média climatológica. Sobre a América do Sul, anomalias positivas de ROL foram observadas no leste da América do Sul, indicando pouca atuação da ZCAS. Anomalias negativas no sul do Brasil confirmam a atuação predominante de sistemas frontais nessa região (ver seção 3.1). No extremo norte da América do Sul, os desvios negativos de ROL estão associados à atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e à formação de Linhas de Instabilidade.
As altas pressões subtropicais estiveram acima da média durante o mês de janeiro de 2001 (Figura 5). No Pacífico, essa situação mantém os alísios mais intensos, colaborando para a manutenção do episódio La Niña. Anomalias positivas de pressão foram registradas em praticamente toda a América do Sul, colaborando para as anomalias negativas de precipitação registradas em praticamente todo o Brasil Central (seção 2.1). O gradiente de pressão relativo entre Tahiti e Darwin colaborou para que o Índice de Oscilação Sul atingisse o valor positivo de 1.1.
Os ventos nos baixos níveis da atmosfera (850 hPa) estiveram mais intensos que a média a oeste de 150oW, coerentes com o campo de anomalia de Pressão ao Nível do Mar (PNM). A leste desta posição, os ventos ficaram próximos à média climatológica (Figuras 6 e 7). Sobre o setor central da América do Sul, predominou uma anomalia anticiclônica, resultante da incursão da Alta Pressão Subtropical do Atlântico Sul (AAS). No extremo norte da América do Sul, os ventos alísios estiveram mais intensos que a média (Figura 8) e favoreceram a formação de linhas de instabilidade na costa norte do Brasil (ver seção 3.2.3).
Em altos níveis (200 hPa), o par de anomalias ciclônicas sobre o Pacífico ainda é característico do episódio La Niña. Anomalia ciclônica sobre o Brasil Tropical resultou da ação de Vórtices Ciclônicos em Altos Níveis nessa região (Figuras 9 e 10).
Nas latitudes médias do Hemisfério Norte, o campo de anomalias de geopotencial em 500 hPa mostra um padrão de onda 3. No Hemisfério Sul, há predominância de ondas 3 e 4 (Figuras 11 e 12). O predomínio de anomalias positivas de geopotencial na América do Sul, esteve associado à pouca intensidade de sistemas frontais que passaram pelo Brasil, consistente com as anomalias negativas de chuva nessas regiões.
[ Figura1][ Figura2] [ Figura3] [ Figura4] [ Figura5] [ Figura6][ Figura7] [ Figura8] [ Figura9] [ Figura10] [ Figura11] [ Figura12][ Tabela1]
[Índice]