MONITORAMENTO NA ANTÁRTICA


No mês de janeiro, os dados observados na estação brasileira Comandante Ferraz registraram valores próximos à média histórica, em contraste com o mês anterior que apresentou extremos nos campos de temperatura média do ar e PNM. Na parte central e sul da Península Antártica, as temperaturas do ar mantiveram-se abaixo da média, em até 3ºC. Ao sul de 62oS, houve reversão notável da anomalia de PNM, que passou de 10 hPa, em dezembro passado, a -6hPa, neste mês. No norte do mar de Weddell e sudoeste do Atlântico, a pressão apresentou anomalia positiva igual a 6hPa (Figura 35). No Estreito de Drake, o vento à superfície, que apresentou direção predominante de leste em dezembro passado, retornou ao padrão predominante de norte a noroeste. A extensão da cobertura de gelo no norte do mar de Weddell esteve bem acima da média (Figuras 36a e 36b), possivelmente como conseqüência dos ventos anômalos de leste e sul, observados no mês anterior, e dos ventos de sudeste e sul que predominaram no centro-sul do mar de Weddell neste mês. Estes ventos sopram a partir das áreas mais frias da Antártica, por isso a manutenção do gelo mesmo nos meses mais quentes.

A corrente de jato em 300 hPa posicionou-se na latitude de 54oS, sobre a Terra do Fogo, notadamente ao sul de sua posição normal para este mês (48oS), no sul da Patagônia.

Foram sete os dias com escoamento do vento à superfície no sentido sul para norte, atingindo desde a costa da Argentina até o sul do Brasil. Este escoamento de sul tem sua gênese próximo ao norte e noroeste do mar congelado de Weddell, favorecendo temperaturas abaixo da média em até 1oC na Região Sul do Brasil. Outra possível conseqüência foi a diminuição da precipitação no sul do País, com valores maiores que 100 mm abaixo da média, e aumento no sudeste, onde os valores excederam à média em até 200 mm, em particular nas regiões costeiras. Os principais dados da estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) são mostrados na Tabela 5.

Ressalta-se que a cobertura de gelo anormal no noroeste do mar de Weddell prejudicou a navegação do Navio de Apoio às Pesquisas Oceanográficas na Antártica (NapOc), H-44 Ary Rongel, da Marinha do Brasil, afetando os trabalhos de campo das equipes e dos pesquisadores na 2a fase da Operantar XXII nesta região.


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