Em janeiro, as TSMs no Pacífico Equatorial Central e Oriental registraram desvios negativos entre -1,5 e -3,0ºC (figura 1.2.1). Em todos os niños (1+2, 3, 3.4 e 4) foram observadas anomalias negativas de TSM, com os maiores desvios na região do niño 4: -1,5ºC (tabela 1.2.1). Situação similar continuou sendo observada entre a superfície do Oceano e cerca de 300 metros de profundidade.
As observações da Temperatura da Superfície do Mar sobre o Oceano Atlântico ainda não estão indicando um padrão de dipolo favorável, ou desfavorável, às chuvas do setor norte do Nordeste do país. Junto à costa das Regiões Sul, Sudeste e Nordeste foram observados desvios positivos de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) da ordem de 1° C.
Através do campo global de Radiação de Onda Longa (ROL) e de anomalias, pode-se analisar a convecção média durante o mês. Sobre o Pacífico Tropical observou-se um padrão típico de La Niña, com convecção acima da normal climatológica na região da Indonésia e norte da Austrália, e abaixo da normal climatológica no setor central (figura 1.2.4). A Zona de Convergência do Pacífico Sul (ZCPS) esteve deslocada para oeste de sua posição normal e com maior atividade convectiva a leste/nordeste da Austrália. Sobre o Atlântico pode-se observar que a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) esteve com maior atividade convectiva entre aproximadamente o equador e 10ºN, influindo também na convecção ocorrida no norte da América do Sul (seção 2.8.1). Durante o mês de janeiro foi observada a atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul no sul da Região Sudeste (vide seção 2.8.2), o que inibiu as chuvas no norte desta Região, como pode ser comprovado pelas anomalias positivas de ROL. Neste mês observou-se também a configuração da Zona de Convergência do Índico Sul (ZCIS), com atividade convectiva mais intensa que a normal climatológica (figura 1.2.4).
O campo de anomalias de pressão ao nível médio do mar (PNM) também indicou padrão típico de La Niña, com anomalias positivas no setor tropical oriental e central do Pacífico, e anomalias negativas no setor ocidental (figura 1.2.5). A exemplo dos últimos meses, a pressão ao nível do mar no Pacífico Oriental Sul continuou mais intensa que a normal climatológica, o que pode favorecer o fortalecimento dos alísios no setor equatorial e contribuir para a manutenção do La Niña. O Índice de Oscilação Sul (IOS) continuou positivo pelo nono mês consecutivo, registrando o valor de 2,0 (tabela 1.2.1). No Atlântico a Alta Subtropical do Atlântico Norte ficou deslocada para oeste e a Alta Subtropical do Atlântico Sul apresentou valores normais. Anomalias negativas foram observadas no setor Tropical, principalmente próximo ao equador (figura 1.2.5). Sobre a América do Sul ocorreram anomalias positivas no setor sul e negativas no setor norte.
Analisando o vento em baixos níveis da atmosfera (850 hPa) sobre o Pacífico Equatorial, pode-se notar que entre aproximadamente 130ºW e 120ºE, os ventos alísios estiveram mais intensos que a normal climatológica, ou seja, com anomalias de leste, o que é concordante com o episódio frio (La Niña). No Pacífico Tropical Sul foi observado um centro com circulação anticiclônica anômala em aproximadamente 100ºW, o qual indicou a maior intensidade da alta subtropical do Pacífico Sul. Anomalias anticiclônicas foram observadas também no Pacífico Norte e Atlântico Norte (figuras 1.2.6 e 1.2.7).
O escoamento em altos níveis (200 hPa) evidenciou dois centros com circulação ciclônica no Pacífico Tropical Ocidental, em ambos os Hemisférios, o que também é típico em anos de La Niña. Sobre a América do Sul pode-se notar a circulação da Alta da Bolívia e do vórtice do Nordeste, que ficou com centro fechado devido ao grande número de vórtices ciclônicos que atuaram durante o mês. Apesar disto, houve anomalia anticiclônica no Atlântico Tropical Sul. Um outro centro com circulação anticiclônica foi observado no sul da África, e esteve relacionado à intensa convecção da ZCIS durante o mês (figuras 1.2.9 e 1.2.10).
O campo de anomalias de altura geopotencial em 500 hPa no Hemisfério Sul indicou um padrão de onda 3 bem caracterizado (figura 1.2.12). Uma situação de bloqueio foi observada junto à costa oeste da América do Sul. Em geral, foram observadas anomalias negativas em altas latitudes e positivas em latitudes médias.
Todos os fatores discutidos acima estão indicando a presença do fenômeno La Niña em etapa madura. Todavia, em relação a eventos passados do fenômeno, as observações mostraram que este episódio tem intensidade de moderada a fraca. Nos últimos anos, o evento mais intenso ocorreu durante os anos de 1988/89. Informações sobre o fenômeno La Niña estão disponíveis na Internet, na home page do CPTEC/INPE: (http://www.cptec.inpe.br/products/laninha/laninha1p.html)
[ Figura 1.2.1][ Figura 1.2.2] [ Figura 1.2.3] [ Figura1.2.4] [ Figura 1.2.5] [ Figura 1.2.6][ Figura 1.2.7] [ Figura 1.2.8] [ Figura 1.2.9] [ Figura 1.2.10] [ Figura 1.2.12][ Tabela 1.2.1]
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