GRANDE ESCALA


Em março, os índices atmosféricos e oceânicos indicaram que as condições climáticas sobre o Pacífico Tropical ainda continuaram mostrando características de episódio frio (La Niña ou anti-El Niño). Contudo, houve uma rápida mudança da TSM no Pacífico Tropical Leste, e pela primeira vez nos últimos meses observou-se anomalias positivas de TSM nesta região (Figura 1) . O episódio frio esteve presente com o núcleo mais frio sobre o Pacífico Equatorial Central com desvios de 1,0oC abaixo da média climatológica. As anomalias de TSM bem com a TSM na região do Niño 1+2 tiveram um aumento em relação a fevereiro, ficando em 0,3oC e 26,2oC, respectivamente. O mesmo ocorreu para o Niño 3 e Niño 4, que ficaram com anomalias de TSM de -0,1oC e -0,4oC e TSM de 26,8oC e 27,7oC, respectivamente (Tabela 1 e Figura2) .

No Oceano Atlântico Sul, junto à costa das Regiões Sudeste, Nordeste e Norte do Brasil, foram observadas TSM com valores superiores a 28oC. Os maiores desvios positivos de TSM foram observados junto à costa da Região Sudeste e sul da Região Nordeste com valores até 1,0oC acima da média climatológica (Figura 1 e Figura 2) . Este núcleo sofreu uma diminuição de intensidade e de tamanho, quando comparado ao mês de fevereiro. Contudo, as temperaturas altas foram associadas com as frentes frias estacionárias, que não conseguiram atingir as regiões mais ao norte. As anomalias positivas de precipitação sobre o Estado de São Paulo e norte da Região Sul e as anomalias negativas de precipitação no leste do Nordeste, principalmente sobre a Bahia, estiveram relacionadas com a presença deste núcleo no Atlântico (Vide Seções 2.2, 3.1.1, 3.2.1 e 3.3.1). Sobre o Atlântico Norte, junto à costa da África, observou-se um aumento da área com anomalias negativas de TSM, quando comparado a fevereiro, e esta área agora se estende desde 5oN até 18oN. Em geral, na faixa que vai do equador até 30oN, houve uma diminuição da intensidade das anomalias positivas de TSM (Figura 1 e Figura 3) .

Através do campo de Radiação de Onda Longa emitida para o espaço (ROL), infere-se a intensidade da convecção ocorrida durante o mês (Figura 4) . Durante março, a convecção no Pacífico Equatorial Central ficou novamente abaixo do normal, como vem sendo observado nos últimos 5 meses. Sobre a Indonésia observou-se que houve uma grande diminuição da convecção, quando comparado ao mês de fevereiro. Pode-se observar novamente a presença da Zona de Convergência do Pacífico Sul (ZCPS), consistente com a faixa NW-SE de anomalias positivas de TSM sobre o Pacífico Sul, junto à linha-de-data. Nas demais áreas do Pacífico, a convecção ficou próxima da média climatológica. Anomalias negativas de ROL, ou seja, convecção acima da média, foram observadas sobre o norte da Região Norte do Brasil e junto à costa da Região Sudeste. Na Região Norte, estas foram devidas à atuação da Zona de Convergência Intertropical, que esteve presente durante todo o mês naquela região. Junto à costa da Região Sudeste, a convecção foi associada à semi-estacionariedade das frentes frias sobre aquela região e também devido à organização da ZCAS no ínicio do mês (Vide Figura 4 e Seção 1.4). Neste mês, apesar da ocorrência de vórtices ciclônicos em altos níveis no Nordeste e da não penetração de frentes frias sobre o centro-leste da Região Nordeste do Brasil, a convecção naquela região ficou próxima à média climatológica (Vide Seções 2.6.1, 2.2 e 3.1.1).

Através do campo de anomalias de Pressão ao Nível do Mar (PNM), observou-se que no Pacífico Sul houve uma desintensificação da Alta do Pacífico Sul. Sobre o Pacífico Norte, observou-se que houve uma expansão das áreas com anomalias negativas de PNM, quando comparado a fevereiro. Sobre o Pacífico Equatorial houve um predomínio de anomalias negativas de PNM (Figura 5). Os desvios de PNM em Tahiti e Darwin aumentaram durante março e ficaram com valores positivos fazendo com que o Índice de Oscilação Sul (IOS) ficasse em 0,5 (Tabela 1) . No Atlântico Norte, observou-se o surgimento de um centro com anomalias negativas de PNM em 20oW e 40oN. Houve uma desintensificação e um deslocamento para o sul da Alta dos Açores. No Atlântico Sul, houve uma intensificação da Alta do Atlântico Sul ao sul de 30oS. Sobre a região central da América do Sul, se estendendo até a África, observou-se uma região com pequenas anomalias negativas de PNM e estas foram devidas à semi-estacionariedade dos sistemas frontais sobre esta região, além da atuação da ZCAS no começo do mês. Sobre praticamente toda a África, Índia, Oceano Índico e Oriente Médio foram observados desvios negativos de PNM (Figura 5) .

Os ventos em baixos níveis (850 hPa) sobre todo o Pacífico Equatorial novamente foram mais fortes que o normal, principalmente entre 120oW e 150oE. A intensificação dos ventos alísios se observa desde junho de 1995 no Pacífico Ocidental e desde novembro de 1995 no Pacífico Central e Oriental. No Pacífico Norte, destaca-se um centro com anomalia ciclônica e com núcleo em 150oW e 35oN (Figura 6 e Figura 7) .

Sobre o Oceano Atlântico Equatorial os ventos em baixos níveis estiveram menos intensos que no mês de fevereiro e portanto, principalmente sobre a linha do equador, junto à América do Sul, houve um aumento das anomalias de oeste. No Atlântico Norte pode-se observar dois núcleos: um com anomalia ciclônica, junto à costa da África e Europa; e outro com anomalia anticiclônica, junto à costa dos EUA e Canadá. O centro com anomalia ciclônica indica a desintensificação da Alta dos Açores sobre esta região. Sobre o Atlântico Sul, houve uma intensificação dos ventos de sudeste ao sul de 30oS e isto esteve relacionado à intensificação da Alta do Atlântico Sul ao sul desta latitude (Figura 6 e Figura 7) . No campo de pseudo-tensão de cisalhamento superficial observou-se intensas anomalias sobre o Atlântico Norte. Junto à costa do Brasil, as maiores anomalias foram observadas ao sul de 17oS, com componente de leste-nordeste (Figura 8) . As águas aquecidas no Atlântico Sul associadas ao campo de ventos em baixos níveis nesta região que ainda continua com alísios mais fracos que o normal, são fatores favoráveis à precipitação do semi-árido nordestino, que tem período chuvoso de fevereiro a maio. O fortalecimento dos ventos no Atlântico Norte é outro fator que pode contribuir com as chuvas desta região (Vide Seção 1.2.2).

Através do campo de ventos em altos níveis (200 hPa), mostrado nas (Figura 9 e Figura 10) , observa-se que a Alta da Bolívia esteve alongada e com dois núcleos. O jato subtropical apresentou-se enfraquecido sobre a América do Sul (Vide Seções 2.6.3 e 2.6.6).

No campo de anomalias de Altura Geopotencial em 500 hPa para o Hemisfério Norte, mostrado na (Figura 11) , observou-se que em altas latitudes houve um predomínio de anomalias positivas de Altura Geopotencial e os maiores desvios positivos foram observados em 55oN e 160oW e em 65oN e 5oW, com valores superiores a 15 mgp. Em altas latitudes foi observado um padrão de onda 2 no escoamento médio mensal.

Sobre o Hemisfério Sul, o campo de geopotencial em 500 hPa (Figura 12) evidenciou um padrão de onda 1 deslocado em relação ao Pólo. As altas latitudes foram dominadas por anomalias negativas de Altura Geopotencial, com os maiores desvios negativos sobre o Pólo e em 90oW e 55oS.

Figuras

[ Figura 1] [ Figura 2 ] [ Figura 3 ] [ Figura 4] [ Figura 5] [ Figura 6] [ Figura 7] [ Figura 8][ Figura 9] [ Figura 10] [ Figura 11] [ Figura 12] [ Tabela 1 ]


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