SUMÁRIO

Em março, as chuvas mais intensas foram novamente observadas sobre a Região Sudeste do país, principalmente sobre o leste do Estado de São Paulo e Rio de Janeiro. Isto porque as frentes frias que vinham do sul, principalmente no início do mês, ficaram semi-estacionárias sobre a Região Sudeste. A principal causa desta semi-estacionariedade foi a presença de uma região com Temperatura da Superfície do Mar acima da média climatológica no Oceano Atlântico, junto à costa da Região Sudeste e sul da Região Nordeste. O norte do Nordeste ficou também com chuvas acima da média na sua porção mais ao norte. Sobre a Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba e sul do Ceará foram observados desvios negativos de precipitação. O centro-leste da Bahia, norte do Espírito Santo e Alagoas também ficaram com chuvas abaixo da média e isto se deveu à atuação de vórtices ciclônicos, no início do mês, e também à semi-estacionariedade das frentes frias que ficaram sobre a Região Sudeste, não atingindo estes estados. A convecção tropical esteve organizada principalmente sobre a Amazônia e estados das Regiões Centro-Oeste e Sudeste durante quase todo o mês.

Os campos globais oceânicos e atmosféricos observados sobre o Oceano Pacífico Equatorial durante o mês de março, mostraram uma rápida mudança da TSM junto à costa oeste da América do Sul, e pela primeira vez nos últimos meses observou-se anomalias positivas de TSM nesta região. O núcleo mais frio associado ao La Niña ocorreu sobre o Pacífico Central. Os índices atmosféricos e oceânicos, usados para monitorar o fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), continuam indicando a situação de episódio frio, apontada nos últimos meses. O Índice de Oscilação Sul (IOS) ficou em 0,5.

No Oceano Atlântico Sul, durante março, foram observadas Temperaturas da Superfície do Mar (TSM) entre 28oC e 30oC, junto à costa das Regiões Sudeste, Nordeste e Norte. Foi observado um núcleo com os maiores desvios positivos de TSM, junto à costa da Região Sudeste e sul da Região Nordeste, onde as águas estiveram com temperaturas de até 1,5oC acima da média climatológica. Isto fez com que as frentes frias, que vinham do sul, estacionassem sobre este núcleo, não atingindo portanto as regiões mais ao norte. As águas aquecidas no Atlântico Sul são favoráveis à precipitação do semi-árido nordestino. Sobre o Atlântico Norte foi observado um núcleo com águas mais frias que a média climatológica ao norte de 20oN, e também uma intensificação do centro de Alta Pressão e consequentemente dos ventos alísios, o que também contribui para a estação chuvosa do norte do Nordeste. Contudo, durante março foram observadas ainda Temperaturas da Superfície do Mar acima da média climatológica ao sul de 20oN o que é um fator desfavorável para a estação chuvosa do norte do Nordeste.

As condições oceânicas e atmosféricas, observadas durante o mês de março, favorecem à manutenção das chuvas do setor norte do Nordeste. Estas precipitações poderão ser próximas da média climatológica e as regiões mais beneficiadas deverão ser a parte norte do setor. Já para o sul do Ceará, centro-sul do Piauí, norte da Bahia, oeste de Pernambuco e oeste da Paraíba, as precipitações poderão ficar ligeiramente abaixo da média climatológica e não se descarta a possibilidade de ocorrência de pequenos períodos de estiagem, além de uma má distribuição espacial das chuvas. Para o setor leste do Nordeste, região que tem período chuvoso de maio a agosto, as condições de Temperatura da Superfície do Mar observadas no Atlântico Sul durante o mês de março, favorecem à ocorrência de chuvas regulares. Contudo, os ventos de leste à superfície têm se apresentado menos intensos que as normais climatológicas para o período e isto não é um fator favorável à ocorrência de chuvas. O balanço destes dois parâmetros indica condições normais de chuva para este setor.

Os modelos numéricos e estatísticos de previsão do fenômeno El Niño/Oscilação Sul apontam para um rápido retorno da Temperatura da Superfície do Mar sobre o Pacífico Equatorial, a níveis normais por volta da metado do ano. Depois disto, indicam uma continuação da tendência de aquecimento e o desenvolvimento de anomalias positivas de Temperatura da Superfície do Mar até o início de 1997.


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