O Brasil atravessa um período de preocupante crise de energia elétrica. Esta situação foi agravada pela redução das chuvas nas áreas das grandes bacias que compõem o sistema elétrico do País, tais como: bacias do Rio Grande; Rio Paranaíba; Rio Paraná; Rio São Francisco. Como conseqüência, houve uma redução do volume útil armazenado para geração de energia. Na verdade, os reservatórios brasileiros não têm conseguido atingir níveis satisfatórios. Parte deste problema é devido ao fato que o número de usinas instaladas não vem acompanhando o aumento do consumo. Investimentos no âmbito científico e tecnológico, seriam a melhor solução para corrigir e otimizar a geração de energia no Brasil.
A Figura 27 mostra a localização das vinte e duas estações fluviométricas onde são medidas as vazões de alguns rios do território brasileiro. Os valores das médias mensais de abril de 2001, assim como os respectivos desvios em relação à Média de Longo Termo (MLT) para o período de 1931 a 1986 (expressos em porcentagem) são apresentados na Tabela 4.
Na Figura 28, pode-se observar a evolução anual da MLT e as vazões médias mensais, medidas de janeiro de 2000 a abril de 2001. No caso de Manacapuru-AM, as vazões apresentadas são estimativas da vazão do Rio Solimões, a partir do modelo estatístico que relaciona vazões e cotas médias mensais do Rio Negro. A Figura 29 apresenta cotas médias mensais climatológicas do Rio Negro para o período de 1903 a 1986, assim como as cotas observadas desde janeiro de 2000 a abril de 2001. Para abril, o valor médio da cota observada foi de aproximadamente 26,55 m, com valor de máxima e mínima igual a 27,23 m e 25,76 m, respectivamente. Estes valores indicam uma elevação quando comparados com o mês anterior.
Na Região Norte, os desvios foram positivos nos postos de Manacapuru-AM e Balbina-AM, com ênfase ao registro observado na barragem Coaracy-Nunes-AP. Em Tucuruí-PA e Samuel-RO as cotas foram negativas.
No Nordeste brasileiro, a barragem de Sobradinho-BA continuou registrando a mesma tendência de queda quando comparada com os meses e anos anteriores (considerando dados a partir de maio de 1997). Em abril, foram registrados desvios negativos de vazão em torno de 66%. As poucas chuvas ao longo da bacia e o consumo excessivo e desordenado da água do Rio São Francisco, nos meses anteriores, resultaram num volume armazenado da ordem de 39%, o mais baixo já registrado neste período. Ressalta-se que este volume vai alimentar a geração de energia daquela hidrelétrica nos próximos meses, até o início do próximo período chuvoso. Para suportar o período de estiagem, o ideal seria que o reservatório - que comporta 34,1 bilhões de m3 de água- estivesse, em abril, com volume superior a 80% da sua capacidade. As chuvas ficaram predominantemente abaixo da média nas bacias do Rio Parnaíba e São Francisco (Tabelas 5 e 6).
As chuvas continuaram reduzidas na Região Sudeste (Tabela 4), com desvios negativos de vazão principalmente nos postos Emborcação-MG, Itumbiara-MG, São Simão-MG e Furnas-MG, bacia do Rio Paranaíba. A barragem de Três Marias-MG registrou cota negativa da ordem de 76%. No Estado de São Paulo, a situação de poucas chuvas reduziu as vazões do Rio Grande, nos postos de Marimbondo e Água Vermelha. Na barragem de Ilha Solteira-SP, a cota negativa observada foi da ordem de 40%. No extremo sul e sudoeste do Estado de São Paulo, foi observada uma diminuação das chuvas o que refletiu em desvios negativos nos postos. A geração de energia, como no Nordeste brasileiro, requer atenção, pois, os volumes estão baixos.
Na Região Sul, permaneceu o excesso de chuva observado no mês passado, mantendo positivas as cotas dos rios e das barragens. No Paraná, a cota foi positiva em Salto Santiago. Em Santa Catarina, também predominaram desvios positivos de precipitação no Vale do Itajaí (Tabela 7), onde o posto Blumenau apresentou cota da ordem de 29%. No Rio Grande do Sul, observou-se cota positiva, superior a 60%, nas barragens de Passo Real e Passo Fundo.
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