O fenômeno La Niña continua presente e com intensidade de moderada a fraca. Em maio, os setores central e leste do Pacífico Equatorial registraram temperaturas da superfície do mar abaixo da normal climatológica, com desvios negativos da ordem de 1,0ēC (figura 1.2.1). Em relação ao mês de abril, em todo o Pacífico Equatorial houve uma desintensificação das anomalias negativas de TSM. No setor extremo oeste do Pacífico Equatorial (região da Indonésia) foram observadas anomalias positivas de TSM (figura 1.2.1 e tabela 1.2.1).
No Oceano Atlântico Tropical Sul ocorreram anomalias positivas de até 1ēC, e junto à costa oeste da África, entre a Namíbia e o Congo as anomalias atingiram 3ēC (figura 1.2.1). Embora tenham ocorrido anomalias de TSM negativas no Atlântico tropical norte e positivas no Atlântico Tropical Sul, o padrão típico do dipolo que favorece chuvas no setor norte da Região Nordeste, não ficou bem configurado. Uma região com águas mais frias que a normal climatológica foi observada ao longo da costa da Região Sul do Brasil.
No campo de anomalias de radiação de onda longa (ROL), foram observados desvios positivos no Pacífico Equatorial ao redor da linha da data (à leste da Indonésia), que estão associados com a TSM menor que a normal climatológica nesta região. Por outro lado, na Indonésia observam-se anomalias negativas de ROL (figura 1.2.4) que estão associadas aos desvios positivos de TSM. Convecção intensa também foi observada associada à Zona de Convergência do Pacífico Sul (ZCPS). Sobre o Atlântico Equatorial observou-se uma maior atividade convectiva da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), o que ocorreu também sobre parte do norte do Brasil. No extremo norte da América do Sul foram observadas anomalias positivas de ROL (figura 1.2.4).
O padrão de anomalias de pressão ao nível do mar (PNM) no Pacífico também foi característico da presença do episódio La Niña, com anomalias positivas no setor leste e negativas no setor oeste (figura 1.2.5). Entretanto o índice de oscilação sul (IOS), que é um reflexo deste padrão, esteve próximo de zero (0,1), indicando o enfraquecimento do fenômeno (tabela 1.2.1). Nos últimos doze meses, o IOS vem registrando valores positivos, porém, um valor tão baixo como o deste mês, foi registrado somente em maio de 1997. A alta subtropical do Pacífico Sul esteve mais intensa, principalmente sua porção mais ao sul. É importante ressaltar que este sistema, quando intenso, ajuda na manutenção do fenômeno La Niña, pois contribui para a intensificação dos ventos alísios.
Os ventos alísios estiveram mais intensos no Pacífico Equatorial próximo à linha da data, (figuras 1.2.6 e 1.2.7). No Pacífico Equatorial Leste foram observados ventos mais fracos. No Atlântico Sul foi observado um centro com anomalia ciclônica em baixos níveis próximo à costa das Regiões Sul e Sudeste (figuras 1.2.6 e 1.2.7), que esteve associado aos intensos ciclones que atuaram nesta região durante o mês. Na região equatorial do Atlântico os ventos alísios estiveram com anomalias de oeste, ou seja, estiveram mais fracos que a média. (vide seção 2.8.1).
O padrão de anomalias típico da situação de La Niña, com dois ciclones em altos níveis (200 hPa) dos dois lados do equador foi identificado no Pacífico Central (figuras 1.2.9 e 1.2.10). Sobre a América do Sul foi observada circulação ciclônica anômala no setor sudeste do continente, que esteve associada aos intensos ciclones que atuaram na região durante o mês. O jato subtropical sobre a América do Sul esteve menos intenso (vide seção 2.9.1).
O campo de anomalias de altura geopotencial em 500 hPa no Hemisfério Sul (figura 1.2.12) evidenciou padrão de onda 6 em latitudes subtropicais, com intensas anomalias positivas à leste da Austrália. Nas altas latitudes houve predomínio de anomalias negativas e número de onda 3.
[ Figura 1.2.1][ Figura 1.2.2] [ Figura1.2.4] [ Figura 1.2.5] [ Figura 1.2.6][ Figura 1.2.7] [ Figura 1.2.9] [ Figura 1.2.10] [ Figura 1.2.12][ Tabela 1.2.1]
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