No mês de outubro as queimadas aumentaram no Nordeste do Brasil. Foram detectados 31.245 focos (Figura 31), representando um aumento de 12% em relação ao ano passado. Houve redução de queimadas nos cerrados do Brasil Central, devido ao aumento das chuvas. Em algumas localidades, porém, a seca não terminou e os incêndios dominam o cenário, como no caso da Chapada Diamantina, na Bahia, e da Floresta Nacional do Araripe, no Ceará. As maiores concentrações foram observadas numa faixa que se estendeu desde o setor central do Maranhão, na divisa com o leste Pará, passando pelo Piauí, até o sul do Ceará e oeste da Paraíba.
No Piauí, ocorreram 4.300 focos, principalmente na região de Teresina até a Serra do Boqueirão, onde ainda existiam alguns fragmentos importantes de vegetação natural – mais úmida e com maior biodiversidade – nas chapadas e junto à divisa com o Maranhão. Pelo menos 15 focos de incêndio foram registrados na estação ecológica de Uruçuí-Una, no Piauí, e 9 focos no Parque Nacional Serra das Confusões, entre Piauí e Bahia e em São Raimundo Nonato, onde fica o Parque Nacional da Serra da Capivara.
Na Bahia, foram 1.813 focos, sobretudo no centro-oeste do Estado, região de pecuária e novos campos de soja, e no sul, próximo a Itapetinga e Vitória da Conquista.
No Ceará, foram registrados 2300 focos, principalmente no sul do Estado.
O Maranhão teve 7.237 focos na fronteira com a Região Norte, com as maiores concentrações ao longo da rodovia que liga Açailândia a Vitória do Mearim; entre Barra do Corda, Caxias e Matões, no leste do Estado, e nos arredores de Imperatriz, no oeste. Esses focos podem ser sinal de novas atividades garimpeiras, madeireiras ou frentes de desmatamento.
No Amazonas, surgiram focos apenas em torno de Itacoatiara, principal pólo madeireiro do Estado. No Pará, foram atingidas as regiões de Marabá, Serra dos Carajás, Rondon do Pará, Paragominas, Tomé-Açu e as proximidades do reservatório de Tucuruí, assim como alguns pontos nas margens do rio Xingu e nas várzeas do Amazonas. No Pará, os índices diminuíram em relação ao mês passado. Porém, persistem queimadas concentradas na região de Marabá, às margens do rio Tocantins, e na altura de Senador José Porfírio, às margens do baixo rio Xingu. O Parque Indígena de Tumucumaque também foi atingido.
Os índices de fogo foram igualmente altos na região oeste do País, tendo alcançado o norte do Pantanal, no Mato Grosso. Na porção do Pantanal, localizada no Mato Grosso do Sul, houve diminuição do número de focos detectados. Com a chegada das chuvas, houve redução do número de focos na região de Sinop, Alta Floresta, no norte do Mato Grosso, em Rondônia e no Acre.
A estação de queimadas começa a chegar ao fim, com a tendência de declínio do número de focos de fogo detectados pelos satélites NOAA. As melhores condições de monitoramento operacional, fiscalização e iniciativas de substituição do uso do fogo por outras práticas agrícolas contribuem para a redução das queimadas. Entretanto, o clima ainda é o fator determinante que regula a intensidade da estação de queimadas, além da existência de fatores econômicos, associados a maior ou menor disponibilidade de recursos para a abertura de novas áreas agrícolas.
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