Em dezembro, foram constatadas anomalias positivas de Pressão ao Nível do Mar (PNM) no Oceano Austral, na passagem de Drake e na Península Antártica, com extremos de até 12 hPa em torno de 30ºE (Figura 35). Esta situação também foi notada no sul da América do Sul. No nível de 500 hPa, registrou-se anomalia positiva de geopotencial no continente antártico, tendência que se manteve desde abril de 2005 (ver Figura 12, seção 1).
O campo mensal de anomalia de vento em 925 hPa mostrou o escoamento de ar da região antártica e sub-antártica, entre as longitudes de 0º e 50º W (plataformas de gelo Filchner e Ronne, Terra de Coats e mar de Weddell), para o setor sudoeste do Oceano Atlântico Sul (Figura 36a). Neste setor, foram registrados sete episódios de escoamento de ar de sul para norte em direção ao sul do Brasil, totalizando sete dias, o que contribuiu para as anomalias negativas de temperatura no sul do Brasil (Figura 36b). Em dezembro de 2003 e 2004, esta configuração ocorreu em quatro episódios, com duração de sete e cinco dias, respectivamente, registrando-se também temperaturas abaixo da média no sul do Brasil.
A temperatura do ar em 925 hPa apresentou-se abaixo da média no sul e norte da Península Antártica, passagem de Drake e mar de Weddell (Figura 37a). No nível de 500 hPa, registraram-se anomalias positivas de temperatura no platô polar. Na Estação Vostok, situada no platô, foi registrado o maior valor de anomalia positiva, igual a 7°C. Anomalias positivas predominaram, no platô, em praticamente todo o ano. Destacou-se o comportamento do vento sobre o mar de Bellingshausen e Amundsen, no nível de 925 hPa (ver Figura 36a), onde houve a permanência da anomalia anticiclônica estabelecida durante o mês de novembro. Esta circulação propiciou advecção de ar mais aquecido vindo de norte, da região do Oceano Pacífico, mantendo a retração na extensão do gelo marinho a oeste da península Antártica, observada desde setembro passado (Figura 37b). Destaca-se também a esperada abertura sazonal das polínias nos mares de Weddell e de Ross.
Na estação brasileira, Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), registrou-se temperatura média do ar de 0,5ºC, ou seja, 0,8ºC mais baixa que a média deste mês (1,3ºC), e a maior temperatura absoluta registrada no período de 1985 a 2005, igual a 10,4ºC.
Em uma retrospectiva para o ano de 2005, destacaram-se os seguintes registros na EACF: temperatura média anual de -1,5ºC, 0,2ºC acima da média histórica; temperatura mínima de -23,1ºC, no dia 02 de julho, temperatura máxima igual a 10,8ºC, no dia 10 de fevereiro, recorde em 20 anos. Durante o ano, os ventos predominantes variaram de oeste e de leste, com magnitude média igual a 4,9 m/s, que ficou abaixo da climatologia (5,9 m/s). No total, 73 frentes e 56 ciclones extratropicais atuaram na Península Antártica e na EACF, sendo o maior número de casos (8 frentes e 11 ciclones) registrado em setembro e o menor (5 frentes e 3 ciclones), em dezembro. Os meses de fevereiro, outubro e dezembro apresentaram maior influência da circulação superficial de origem sub-antártica no sul e sudeste do Brasil, causando redução de temperaturas do ar.
O comportamento da PNM no Oceano Austral e na Península Antártica foi predominantemente negativo, excluindo-se os meses de junho, novembro e dezembro. Já para a temperatura do ar em 925 hPa, a média foi de temperaturas acima de 0ºC, durante o ano, na região do Oceano Austral, excluindo os meses de janeiro e fevereiro, onde as temperaturas estiveram na média climatológica.
Em contraste com o ano de 2004, este ano teve pouca influência do jato subpolar na região norte da Península Antártica e na Passagem de Drake. Dados anuais completos e resumos mensais, bem como a climatologia da EACF (período de 1985 a 2005), encontram-se disponíveis no site http://antartica.cptec.inpe.br/~rantar/data/resumos/climatoleacf.xls
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