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SISTEMAS FRONTAIS QUE ATUARAM NO LITORAL de 1987 a 1995



Carlos Fernando Lemos e Nuri Oyamburo de Calbete

Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC)

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)


Os sistemas frontais atuam durante o ano todo sobre o Brasil com freqüências maiores nas latitudes mais altas e menores nas latitudes mais baixas, como pode-se notar no estudo de Oliveira (1986) e, são um dos maiores causadores de distúrbios meteorológicos sobre o país. A interação entre a convecção tropical e sistemas frontais ocorre mais freqüentemente quando os sistemas frontais se encontram na banda entre 20oS e 35oS

O deslocamento desses sistemas está associado ao escoamento ondulatório de grande escala. A intensificação ou dissipação dos mesmos está relacionada com as características atmosféricas sobre o continente. Algumas regiões do Brasil, tais como as Regiões Sul e Sudeste são regiões frontogéneticas, ou seja, as frentes podem se intensificar ou podem se formar.(Satyamurty e Mattos, 1989).

Durante o regime de verão, as frentes frias ao ingressarem no sul do país, associam-se a um sistema de baixa pressão em superfície sobre o Paraguai conhecida como Baixa do Chaco e intensificam-se. Estes sistemas neste período, freqüentemente ficam semi-estacionados no litoral da Região Sudeste, devido à presença de vórtices ciclônicos em altos níveis na Região Nordeste. A permanência dos sistemas frontais sobre esta região organiza a convecção tropical nas Regiões Central e Norte do Brasil e caracteriza a formação de ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul).

Durante o período do inverno pode-se notar o contraste térmico entre as duas massas separadas pela zona frontal no interior do continente. Este contraste em alguns casos afeta a Região Central, estendendo-se até o sul da Região Norte. Este fenômeno ao atingir o sul da Região Norte é chamado de "Friagem" (Marengo et al 1996). A passagem das zonas frontais no inverno pelo sul e sudeste do Brasil pode causar geadas nestam regiões.

Este trabalho foi dividido em três bandas latitudinais. A banda (B) 35oS/25oS está entre as cidades de Santa Vitória do Palmar-RS e Iguape-SP, a banda (C) de 25oS/20oS de Iguape-SP até Vitória-ES e a região acima de 20oS desde Vitória-ES até Ceará Mirim-RN correspondente a banda (D). O critério foi o mesmo utilizado por Oliveira (1986) procurando dar continuidade a esse trabalho. A figura (1) mostra as cidades costeiras correspondentes as bandas utilizadas neste trabalho.

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Fig (1)- O mapa mostra a localização das cidades litorâneas.

A Figura 2 apresenta a distribuição mensal dos sistemas frontais que atuaram nas três bandas e total. Verificou-se que a média mensal do período estudado é de 4,5 a 6 sistemas frontais que atuam durante o ano sobre o litoral do Brasil.

Verificou-se que durante os meses de abril a dezembro para as latitudes entre 35 e 25oS (Banda B) o número de sistemas é superior ou igual a quatro.

Para as latitudes entre 25 e 20oS ( Banda C) nos meses abril a junho e setembro a novembro a média e de três sistemas. Nos meses de abril a junho e de outubro a novembro dois a três sistemas frontais atingem latitudes acima de 20oS ( Banda D).

Durante o período estudado de 1987 a 1995 atuaram nos meses de janeiro, fevereiro e março um total de 42 sistemas frontais para cada mês, para os meses abril, junho, agosto, setembro e outubro o total atingido foi de 51 sistemas mensais e no mês de dezembro chegou a atingir 56 sistemas.

Nas figuras 3, 4 e 5 comparamos os períodos estudados acima e podemos observar que, em geral, o fcomportamento dos sistemas frontais seguiu com uma similaridade nas três bandas (A, B e C).

Observou-se que na banda B, a diferença do número de sistemas frontais entre os dois períodos ficou entre 1 e 3. Na banda C, esta diferença foi de 0 a 2 e na banda D foi de 0 a 1.

O período estudado corresponde a (1987-1995) onde foram utilizadas imagens no canal infravermelho de satélite GOES-8, cartas sinóticas dos horários das 12:00 e posteriormente 00:00 UTC. Oliveira, (1986) utilizou somente imagens de satélite e em ambos os estudos somente foram contabilizados os sistemas frontais que tiveram um deslocamento pelo litoral do Brasil.

Bibliografia

Cavalcanti,I.F.A., 1982. Um estudo sobre interações entre sistemas de circulação de escala sinótica e circulações locais. INPE-2494-TDL/097

Climanálise - Boletim de Monitoramento e Análise Climática- INPE/CPTEC, 1986 S.J.Campos-SP,Brasil.

Marengo, J.A.; Cornejo, A.G.; Satyamurty. P.; Sea, W.B.; Nobre, C.A.,1996. Cold Surges in Tropical and Extra-Tropical South America: Three cases during the winter of 1994. Accept for publication in Monthly Weather Review.

Oliveira,A.S.,1986. Interações entre Sistemas Frontais na América do Sul e Convecção na Amazônia. INPE-4008-TDL/239

Satyamurti,P e L.F.Mattos, 1989. Climatologycal lower trophosferic frontogenesis in the midlalatitudes due to horizontal deformation and divergence. Mon.Wea. Rev.,108:410-520