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Edição Atual
Volume 28 - Nº04 - Abril/2013

SUMÁRIO
Abril foi marcado pela persistência de chuvas abaixo da média histórica em grande parte do setor norte do Brasil, especialmente sobre a Região Nordeste, que já vem atravessando um longo período de estiagem e em grande parte da Região Sul. Nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, destacou-se a irregular distribuição de anomalias de precipitação, com predominância de valores acima da climatologia para este mês.

Houve persistência de condições de neutralidade em relação ao desenvolvimento do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) nas áreas equatoriais e tropicais do Oceano Pacífico. Destacou-se também o padrão de águas mais quentes que o normal na região do Atlântico Norte, favorecendo o deslocamento para  norte da ZCIT.

Apesar do déficit pluviométrico, houve aumento das vazões em parte das estações fluviométricas monitoradas nas Regiões Norte e Nordeste do Brasil, em comparação com março passado.

Por outro lado, houve diminuição das queimadas tanto em comparação com o mês anterior como em relação a abril de 2012.


Durante o mês de abril, persistiram condições de neutralidade ao longo do Pacífico Equatorial (Figura 1). Apenas no setor leste deste oceano, observaram-se anomalias negativas de TSM, com destaque para a região do Niño 1+2, cujo valor foi igual a -0.9 (Figura 2). Nas demais regiões, as anomalias médias de TSM apresentaram-se próximas à climatologia, com valores que variaram entre -0,2°C, na região do Niño 3, a 0°C, na região do Niño 4 (Tabela 1). No setor leste do Pacífico Equatorial e adjacente à costa da América do Sul, a temperatura das águas superficiais apresentou-se predominantemente abaixo da climatologia. Na região do Atlântico Norte persistiram anomalias positivas de TSM desde a costa norte da América do Sul até a costa noroeste da África. Nas áreas tropicais do Atlântico Sul, os valores de TSM apresentaram-se próximos à normalidade. Esta configuração no campo de anomalias de TSM foi consistente com a atuação da ZCIT ao norte de sua posição climatológica (ver seção 3.3.2).

O campo de anomalia de Pressão ao Nível do Mar (PNM) evidenciou o enfraquecimento do sistema de alta pressão semipermanente do Atlântico Sul (Figura 5). Este enfraquecimento foi associado à condição de bloqueio atmosférico que se estabeleceu sobre o setor sudoeste do Atlântico Sul, durante a segunda quinzena de abril. Do mesmo modo, notou-se o enfraquecimento do sistema de alta pressão semipermanente no setor sudeste do Pacífico Sul, o qual se deslocou a oeste de sua posição climatológica.

No campo de vento em 850 hPa, destacou-se, além do enfraquecimento dos sistemas de alta pressão semipermanentes acima mencionados, o relaxamento dos ventos alísios na faixa equatorial do Atlântico e do Pacífico, em torno de 150°W (Figura 6). No Pacífico Oeste, em torno e a oeste da Linha Internacional de Data (180°), os alísios apresentaram-se mais intensos, consistente com o aumento da atividade convectiva ao norte da região da Indonésia. Ressalta-se que sinais de variabilidade intrassazonal, em particular aqueles associados à Oscilação Madden-Julian (OMJ), vêm sendo notados desde o início deste ano (ver Figura C no Apêndice). Estes sinais impactaram no aumento ou diminuição da convecção sobre o norte e leste da América do Sul, especialmente sobre as Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil. Próximo à costa leste da Região Nordeste, os ventos apresentaram-se anomalamente de sul, sendo consistentes com o déficit pluviométrico notado principalmente entre o Rio Grande do Norte e o leste de Pernambuco (ver seção 2.1.3).

No campo de anomalia de Radiação de Onda Longa (ROL), destacaram-se as anomalias negativas sobre as Filipinas e Indonésia e positivas no Pacífico Central, próximo à Linha de Data (Figura 7). Anomalias negativas sobre a região tropical e extratropical da América do Sul, se estendendo para o oceano, refletiram a ocorrência da ZCAS deslocada para norte. Sobre o Nordeste do Brasil foi observado um escoamento anticiclônico anômalo na alta troposfera. Esta anomalia anticiclônica ocorreu ao norte da condição de bloqueio atmosférico que se observou sobre o setor sudoeste do Atlântico Sul. No centro-sul da América do Sul, a predominância de anomalias positivas de ROL (inibição da convecção) teve a contribuição da anomalia anticiclônica em altos níveis, sendo consistente também com o enfraquecimento da corrente de jato subtropical sobre a América do Sul (Figura 8).

O campo da altura geopotencial em 500 hPa mostrou um padrão de onda 3 nas latitudes extratropicais do Hemisfério Sul (Figura 10). Destacaram-se as anomalias positivas de geopotencial sobre o sudoeste do Atlântico e as anomalias negativas ao norte, padrão associado à condição de bloqueio atmosférico que impediu o avanço de maior número de sistemas frontais pelo litoral e interior do Brasil (ver seção 3.1).

O padrão atmosférico favoreceu a ocorrência de chuvas sobre o centro-sul do Brasil durante a primeira quinzena de abril e sobre as Regiões Norte e Nordeste no decorrer da segunda quinzena. Ressalta-se que a escassez de chuva na Região Sul do Brasil foi associada, principalmente, à formação de uma condição de bloqueio atmosférico durante a segunda metade de abril. As Figuras 11 e 12 mostram a precipitação observada em todo o Brasil e os desvios em relação aos valores médios históricos. A distribuição espacial das estações utilizadas na análise de precipitação é mostrada na Figura 13. A análise detalhada do comportamento das chuvas para cada uma das Regiões do Brasil é feita a seguir.

As chuvas foram mais acentuadas no norte da Região Norte, em particular no noroeste do Amazonas e no norte do Pará, onde os totais mensais excederam 400 mm. Na cidade de Iauaretê-AM, o total mensal chegou a 469,5 mm, quase 33% acima do valor climatológico. Contudo, predominaram chuvas abaixo da climatologia mensal na maior parte da Região. No leste do Pará, o déficit pluviométrico foi superior a 200 mm em algumas localidades. Os maiores acumulados diários de precipitação foram registrados em Tarauacá-AC (90,8 mm, no dia 07), em Cruzeiro do Sul-AC (108,9 mm, no dia 17), em Tefé-AM (112,8 mm, no dia 20) e nas cidades de Manaus-AM (117,4 mm, no dia 21; e 140 mm, no dia 22), Altamira-PA (127,4 mm, no dia 21), Iauaretê-AM (115,8 mm, no dia 23) e Manicoré-AM (98,6 mm, no dia 25), segundo dados do INMET.

Houve predominância de anomalias positivas de precipitação em grande parte da Região Centro-Oeste. Os maiores acumulados de precipitação ocorreram durante a primeira quinzena de abril, associados à atividade frontal e ao padrão típico dos meses de verão na alta troposfera (ver seção 4.2). Destacaram-se as chuvas diárias registradas em Canarana-MT (92,8 mm, no dia 11) e na cidade de Posse, situada no nordeste de Goiás (85,9 mm, no dia 19). Também se destacaram os acumulados diários registrados em Ponta Porã-MS (66,6 mm e 66,2 mm, respectivamente nos dias 03 e 07), em Jataí-GO (62,7 mm, no dia 10) e na cidade de Ivinhema-MS (72,8 mm, no dia 13). Nesta última localidade, o acumulado mensal de precipitação foi igual a 139 mm, ou seja, aproximadamente 55 mm acima da média histórica (Fonte: INMET).

Choveu abaixo da média histórica em quase toda a Região Nordeste, em parte devido ao posicionamento anômalo mais ao norte da ZCIT no decorrer do mês de abril (ver seção 3.3.2). As maiores anomalias negativas ocorreram desde o norte do Maranhão ao litoral do Rio Grande do Norte, estendendo-se pela faixa leste da Paraíba até Pernambuco. Apesar do déficit pluviométrico, algumas localidades apresentaram acumulados diários de precipitação em torno de 100 mm, como foi registrado nos sertões de Pernambuco (Triunfo: 102 mm, no dia 15) e do Rio Grande do Norte (Apodi: 99,4 mm, no dia 20) e no interior do Maranhão (Bacabal: 109,2 mm, no dia 26), amenizando a estiagem observada nos últimos meses (Fonte: INMET). Somente em algumas localidades, os totais mensais excederam os correspondentes valores climatológicos, em particular no extremo sul da Bahia.

As anomalias positivas notadas em praticamente toda a Região Sudeste ocorreram durante a primeira quinzena de abril. Segundo informações do INMET, os maiores acumulados diários de precipitação ocorreram nas cidades mineiras de Viçosa (60,4 mm, no dia 08), Paracatu (87 mm, no dia 11) e Bambuí (57,4 mm, no dia 13). O déficit pluviométrico foi maior no setor leste da Região, especialmente na faixa litorânea dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Na cidade serrana de Campos do Jordão-SP, o total mensal, que se distribuiu durante a primeira quinzena, atingiu 82,1 mm, ficando abaixo da climatologia mensal (98,9 mm). Na cidade de Resende-RJ, os 69,3 mm acumulados nos primeiros doze dias de abril também se apresentaram abaixo do valor climatológico mensal (102,5 mm).

Na maior parte do setor central da Região Sul, choveu abaixo da climatologia. As chuvas ocorreram acima da média no norte do Paraná, em parte do litoral de Santa Catarina e nos setores noroeste e leste do Rio Grande do Sul. Também choveu abaixo da média histórica no sudoeste gaúcho, com destaque para a cidade de Uruguaiana. Nesta localidade, os 84 mm acumulados em abril ocorreram em apenas cinco dias e ficaram abaixo da climatologia mensal (158 mm), segundo dados do INMET. Os maiores totais diários de precipitação foram registrados no decorrer da primeira quinzena, nas cidades gaúchas de São Luiz Gonzaga (87,4 mm, no dia 02; e 63,2 mm, no dia 12), Rio Grande (95,8 mm, no dia 05) e Santa Maria (71,6 mm, no dia 12); e nas cidades paranaenses de Maringá (107,2 mm, no dia 13) e Londrina (85,6 mm, no dia 13).

Os valores de temperatura máxima foram elevados e excederam à climatologia em grande parte da Região Nordeste, especialmente durante a primeira quinzena de abril (Figuras 14 e
15). De modo geral, os valores médios mensais excederam 36°C em localidades da região semiárida nordestina, com destaque para as anomalias positivas de até 5°C no sertão de Pernambuco (Figura 14). Em parte da Região Centro-Oeste e Sudeste, as temperaturas máximas ficaram abaixo da média climatológica (Figura 15). As temperaturas mínimas médias mensais variaram entre 10°C e 22°C nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, apresentando-se próximas dos valores climatológicos (Figuras 16 e 17). No Estado de São Paulo, a temperatura média mensal variou entre 16°C e 24°C, com anomalias positivas de até 5°C na região do Vale do Paraíba (Figuras 18 e 19).

Apenas três sistemas frontais atuaram em território brasileiro no decorrer de abril de 2013 (Figura 20). Este número ficou abaixo da climatologia para latitudes entre 25oS e 35oS. Destes sistemas, o segundo foi o que apresentou maior atuação em território nacional, deslocando-se até o sul da Bahia e contribuindo para o acentuado declínio das temperaturas no setor central do Brasil (ver seção 3.2).

No período de 02 a 04, o escoamento associado ao jato em baixos níveis tornou-se mais intenso, com a formação de um centro de baixa pressão sobre o leste do Rio Grande do Sul entre os dias 04 e 05. Este centro de baixa pressão deu origem ao sistema frontal que se configurou adjacente à costa leste do Rio Grande do Sul, deslocando-se pelo oceano e alinhando-se com áreas de instabilidade sobre o sudeste do Brasil. Durante a sua formação, ocorreram chuvas em praticamente toda a Região Sul (2.1.5).

Entre os dias 06 e 07, o primeiro sistema frontal ingressou pelo litoral e interior do Rio Grande do Sul proveniente da Argentina. Este sistema provocou pouca chuva, deslocando-se rapidamente para o oceano.

O segundo sistema frontal originou-se de uma baixa que se configurou sobre o oceano, entre o Uruguai e a Argentina, no dia 12, às 00:00 TMG. No decorrer deste mesmo dia, o ramo frio associado deslocou-se pelo litoral e interior do Rio Grande do Sul, proporcionando grande volume de chuva. No dia 13, este sistema frontal evoluiu para um ciclone extratropical sobre o oceano, posicionado em aproximadamente 45°S/55°W e com pressão em seu centro igual a 980 hPa. O ramo frio associado continuou avançando pela faixa litorânea do Brasil, atuando próximo ao litoral sul da Bahia no decorrer do dia 15. Neste dia, o sistema também se alinhou com a região de convergência de umidade que se configurou sobre o continente (ver seção 3.3.1).

O terceiro sistema frontal atuou apenas no extremo sul do Rio Grande do Sul no decorrer do dia 29, deslocando-se posteriormente para o oceano.

Durante o mês de abril, cinco massas de ar frio ingressaram no País. Destas massas, a quarta foi a mais intensa e responsável pelos maiores declínios de temperatura nos setores central e sul do País.

A primeira massa de ar frio atuou apenas no sul do Rio Grande do Sul, nos dias 01 e 02. No dia seguinte, o anticiclone associado posicionou-se sobre o oceano.

No dia 05, a segunda massa de ar frio atuou sobre quase toda a Região Sul. No dia seguinte, esta massa de ar frio influenciou principalmente o leste de Santa Catarina, sendo reforçada pelo anticiclone que se deslocava na retaguarda do primeiro sistema frontal (ver seção 3.1). Este terceiro anticiclone frio deslocou-se para leste, influenciando toda a Região Sul e o sul da Região Sudeste. Na cidade serrana de São Joaquim-SC, a temperatura mínima declinou de 12°C para 9,4°C, entre os dias 05 e 06. Na capital catarinense, a mínima passou a 16,5°C no dia 07, ou seja, um declínio de 6°C em relação ao dia anterior. Em Paranaguá-PR, a temperatura mínima declinou quase 4°C, passando a 15,4°C no dia 07. Na cidade de Uruguaiana, no extremo sudoeste do Rio Grande do Sul, a mínima passou de 16°C para 9,6°C, entre os dias 06 e 08.

A quarta massa de ar frio continental foi a mais intensa do mês e causou um acentuado declínio da temperatura no centro-sul do Brasil. O anticiclone associado ingressou pelo sul do Rio Grande do Sul no dia 12. No dia seguinte, esta massa de ar frio atuava sobre toda a Região Sul. Na cidade de Santa Vitória do Palmar-RS, os dias 13 e 14 foram os mais frios, com temperaturas mínimas iguais a 8,6°C e 7,9°C, respectivamente. Na madrugada do dia 14, registraram-se os menores valores de temperatura mínima em Bom Jesus-RS (2,6°C) e São Joaquim-SC (1,4°C). Entre os dias 12 e 14, a mínima declinou de 22,8°C para 8,4°C em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. No período de 13 a 15, houve registro de geada na Região Sul. Em grande parte do território gaúcho, os termômetros oscilaram entre 5°C e 10°C. Na cidade de Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul, o dia 14 foi o mais frio, com mínima igual a 5,1°C (Fonte: INMET).

No dia 16, um novo anticiclone deslocou-se desde o nordeste da Argentina em direção ao sul e sudeste do Brasil, reforçando a massa de ar frio anterior. Esta quinta massa de ar frio atuou sobre as Regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste, além da parte sul da Região Norte, onde se observou o primeiro evento de friagem deste ano. Na cidade de Vilhena, no sul de Rondônia, a temperatura mínima declinou de 20,3°C, no dia 17, para 16,2°C no dia 22. Ressalta-se que, nos dias subsequentes, foi a condição de bloqueio atmosférico que favoreceu a persistência do escoamento anticiclônico adjacente à costa das Regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil. Em Florianópolis-SC, os mais baixos valores de temperatura mínima ocorreram nos dias 17 (13°C) e 20 (13,3°C). Na capital curitibana, o dia 20 foi o mais frio, com mínima igual a 9,7°C, segundo dados do INMET.

No dia 29, a sexta e última massa de ar frio ingressou pelo sul do Rio Grande do Sul, deslocando-se, posteriormente, para o oceano. A temperatura mínima declinou 3°C em Santa Vitória do Palmar-RS, passando a 14,5°C no dia 30 (Fonte:INMET).

A atividade convectiva foi bastante reduzida no nordeste da América do Sul, conforme mostram as imagens de temperatura de brilho para a maioria das pêntadas de abril (Figura 21). Neste setor do continente sul-americano, a inibição da atividade convectiva foi influenciada pela persistência de cavados e vórtices ciclônicos na alta troposfera (ver seção 4.3). Na maioria das pêntadas de abril, pode-se notar a atuação preferencial da ZCIT entre o Equador e 5°N, com exceção da 6ª pêntada quando houve a formação de banda dupla da ZCIT (ver seção 3.3.2). Na 4ª pêntada, houve a formação de uma banda de nebulosidade que, embora não tenha caracterizado um clássico episódio de ZCAS, contribuiu para aumentar os acumulados de chuva no oeste da Região Nordeste e no leste da Região Norte do Brasil. Sobre as Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, a atividade convectiva foi mais acentuada na 1ª, 2ª e 3ª pêntadas (ver seção 2.1).

Durante a segunda quinzena de abril, houve a formação de uma região de convergência de umidade, porém sem caracterizar um clássico episódio de Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) (Figura 22). A formação desta banda de nebulosidade foi notada, principalmente, sobre o leste da Região Norte, o centro-sul da Região Nordeste e o norte da Região Sudeste, no período de 15 a 19 (Figura 22a). Além da formação bem configurada de uma região de convergência de umidade em 850 hPa (Figura 22b), notam-se as regiões de maior movimento vertical ascendente em 500 hPa e a de maior divergência horizontal do vento na alta troposfera (Figuras 22c e 22d). Neste evento, os acumulados de chuva concentraram-se sobre o leste do Tocantins, centro-sul do Maranhão e Piauí e sobre o oeste da Bahia (Figura 22a).

Durante o mês de abril, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) atuou ao norte de sua posição climatológica, próximo à costa norte da América do Sul (Figura 23a). Notou-se, em alguns períodos, que a ocorrência de banda dupla da ZCIT contribuiu para o aumento da atividade convectiva adjacente à costa leste da Região Nordeste, (Figuras 23b e, 23c). Considerando as imagens médias de temperatura de brilho mínima, notou-se que a maior frequência de nebulosidade convectiva ocorreu próximo à costa oeste da África, em praticamente todas as pêntadas de abril (Figura 24). Notou-se, também, a formação de banda dupla da ZCIT na última pêntada de abril.

As Linhas de Instabilidade (LIs) estiveram caracterizadas em vinte dias de abril (Figura 25). Neste período do ano, estes sistemas costumam se estender até o norte do Rio Grande do Norte e, por vezes, se confundem com a nebulosidade associada à ZCIT. Apesar da ZCIT ao norte da climatologia, as LIs apresentaram-se bem configuradas, em particular nos dias 08, 29 e 30.

Durante o mês de abril, notou-se a formação de três episódios nos quais houve a formação de aglomerados convectivos associados à propagação de Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL). De modo geral, os aglomerados de nuvens configuraram-se próximos e sobre a costa leste da Região Nordeste (Figura 26). O primeiro episódio de DOL, entre os dias 19 e 20, atuou em conjunto com a formação de uma linha de instabilidade ao longo da costa norte da Região Nordeste, favorecendo a ocorrência de acentuado volume de chuva desde o nordeste do Ceará ao leste de Pernambuco (ver seção 2.1.3). No segundo episódio, os acumulados de chuva foram menos expressivos e ocorreram principalmente na faixa leste do Nordeste, entre o Rio Grande do Norte e Alagoas. No dia 28, os aglomerados que se configuraram adjacente à costa leste do Rio Grande do Norte e da Paraíba também foram favorecidos pela formação de um cavado em altos níveis.

Durante abril de 2013, o jato subtropical apresentou magnitude média mensal inferior a 30 m/s sobre a América do Sul, o que é esperado do ponto de vista climatológico. Já sobre áreas oceânicas adjacentes à costa leste das Regiões Sul e Sudeste, sua magnitude média mensal variou entre 30 m/s e 40 m/s (Figura 27a). Ainda considerando o escoamento climatológico em 200 hPa, o jato subtropical posicionou-se mais ao norte durante a segunda quinzena de abril, favorecendo a configuração de uma região de convergência de umidade entre as Regiões Sudeste e Nordeste do Brasil (ver seção 3.3.1). A Figura 27b ilustra o comportamento da corrente de jato subtropical sobre o continente sul-americano no dia 13, quando sua magnitude atingiu 70 m/s sobre o sul do Rio Grande do Sul. Neste dia, notou-se a formação de um ciclone extratropical adjacente à costa leste da Argentina (Figura 27c). A partir do dia 16, a bifurcação do escoamento na alta troposfera favoreceu uma condição de bloqueio atmosférico, com a atuação do ramo norte do jato subtropical sobre o setor central do Brasil, conforme ilustra o escoamento em para o dia 20 (Figura 27d).

O centro da alta troposférica configurou-se apenas durante a primeira quinzena de abril de 2013, atuando preferencialmente sobre o oeste do Brasil, entre Rondônia e o Mato Grosso. No escoamento médio mensal, a circulação anticiclônica atuou em aproximadamente 9°S/50°W, a nordeste de sua posição climatológica (Figura 28a). A imagem de satélite mostra a nebulosidade associada à alta da Bolívia no dia 09 (Figura 28b). Analisando o escoamento diário em 200 hPa, a alta troposférica esteve melhor caracterizada em 13 dias (Tabela 2). Durante a segunda quinzena, o escoamento em altos níveis apresentou tendência mais zonal, característica dos meses de inverno.

A atuação de Vórtices Ciclônicos em Altos Níveis (VCAN) e a formação de cavados com eixo próximo à costa nordeste da América do Sul ocorreram durante quase todo o mês de abril (Figura 29a). Esta configuração no escoamento em altos níveis foi consistente com o posicionamento mais ao norte da ZCIT (ver seção 3.3.1). Destacou-se o último episódio de VCAN, que se configurou entre os dias 21 e 27 de abril sobre o setor central da América do Sul. Na imagem do satélite GOES-12, pode-se notar a configuração do VCAN próximo à costa nordeste sul-americana, no dia 06 de abril (Figura 29b). Neste dia, a formação de nebulosidade foi reduzida desde o Ceará aos setores norte e leste da Bahia. Ressalta-se que tanto o posicionamento destes cavados e vórtices ciclônicos como a atuação mais ao norte da ZCIT foram determinantes para a ocorrência de déficit pluviométrico sobre grande parte da Região Nordeste do Brasil (ver seção 2.1.3).

Em abril, houve aumento dos valores de vazão em algumas estações fluviométricas localizadas nos setores central e norte do País, se comparado ao mês anterior. Na bacia do São Francisco, que estava registrando valores abaixo da média, a vazão se aproximou da normal em algumas estações. De modo geral, as vazões médias mensais excederam a MLT em quase todas as estações monitoradas nas bacias do Paraná, Atlântico-Sudeste e Uruguai.

A Figura 30 mostra a localização das estações fluviométricas utilizadas nestas análises. As séries históricas de vazões médias mensais, para cada uma destas estações, e as respectivas Médias de Longo Termo (MLT) são mostradas na Figura 31. Os valores das vazões médias mensais deste mês e os desvios em relação à MLT das estações monitoradas são apresentados na Tabela 3.

Na estação de Manacapuru-AM, as vazões foram calculadas utilizando um modelo estatístico, a partir das cotas observadas no Rio Negro. Neste mês, a máxima altura registrada foi de 27,86 m, a mínima foi de 26,94 m e a média de 27,41 m, ficando acima da MLT e do valor observado no mês de março. Ressalta-se, também, que este valor foi inferior ao observado no mesmo período de 2012 (Figura 32).

Na bacia do Amazonas, as vazões médias mensais foram superiores às climatológicas nas estações de Manacapuru-AM e Balbina-AM. Porém, em todas as estações monitoradas, as vazões apresentaram-se bem próximas aos correspondentes valores da MLT. Em relação ao mês de março, as vazões médias mensais foram superiores nas estações de Samuel-RO, Manacapuru-AM, assim como na estação Tucuruí-PA, na bacia do Tocantins.

Na bacia do São Francisco, as vazões médias mensais apresentaram-se abaixo da MLT, no entanto, houve aumento na vazão nas duas estações monitoradas.
Na bacia do Paraná, as vazões médias mensais apresentaram-se acima da MLT em praticamente todas as estações, com exceção da estação Furnas-MG. Ressalta-se que, nas estações de Xavantes-SP e Capivara-SP, os desvios positivos foram mais expressivos, enquanto que, nas demais estações, as vazões estiveram bem próximas das climatológicas.

Na bacia do Atlântico Sudeste, a vazão média mensal foi inferior à climatológica na estação de Registro-SP. Já as estações de Blumenau-SC e Passo Real-SC apresentaram desvios positivos, porém bem próximos aos correspondentes valores da MLT. Em comparação com o mês anterior, houve diminuição das vazões em todas as estações monitoradas.

A estação localizada na bacia do Uruguai apresentou uma vazão média mensal acima da MLT, porém próxima à média e menor que o valor observado em março passado. No Vale do Itajaí, destacaram-se os totais mensais de precipitação abaixo da média na maioria das estações monitoradas (Tabela 4).

Neste mês, foram detectados cerca de 1.400 focos no Brasil, a partir de imagens do satélite AQUA_M-T, atual satélite de referência para comparações temporais (Figura 33). Este valor correspondeu a um decréscimo de 25% em relação a março passado. Também houve diminuição de aproximadamente 35% nos focos de calor em relação a abril de 2012. Ainda em comparação com o mesmo período de 2012, as principais reduções foram verificadas no Mato Grosso (35%, com 340 focos); no Tocantins (40%, com 130 focos); na Bahia (75%, com 110 focos) e no Mato Grosso do Sul (20%, com 78 focos). Houve aumento pouco expressivo em Roraima (250%, 87 focos) e em São Paulo (25%, com 100 focos).

Considerando a climatologia das queimadas para o período de quinze anos, houve redução importante em Roraima. Nos demais países da América do Sul, houve aumento expressivo na Venezuela (280%, com 3.500 focos) e no Paraguai (130%, com 600 focos).

Nas Unidades de Conservação (UCs) do País, federais e estaduais, houve redução de 60% em relação ao ano anterior, com destaque para a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins (Federal/TO), com 20 focos, e para Área de Proteção Ambiental das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná (Federal/PR), com 18 focos.

Em elaboração!

[Figura A] [Figura B] [Figura C] [Figura D]

[Figura 1] [Figura 2] [Figura 3] [Figura 4] [Figura 5] [Figura 6] [Figura 7] [Figura 8] [Figura 9] [Figura 10] [Figura 11] [Figura 12] [Figura 13] [Figura 14] [Figura 15] [Figura 16] [Figura 17] [Figura 18] [Figura 19] [Figura 20] [Figura 21] [Figura 22] [Figura 23] [Figura 24] [Figura 25] [Figura 26] [Figura 27] [Figura 28] [Figura 29] [Figura 30] [Figura 31] [Figura 32] [Figura 33] [Figura 34] [Figura 35] [Figura 36] [Figura 37]

[Tabela 1] [Tabela 2] [Tabela 3] [Tabela 4]

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