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Edição Atual
Volume 21 - Nº11 - Novembro/2006

SUMÁRIO
O mês de novembro foi marcado pela ocorrência de chuvas intensas em diversas áreas do Brasil. Na Região Nordeste, onde historicamente chove pouco neste mês, choveu o dobro da média histórica em várias localidades. No Sudeste, os Estados de São Paulo e Minas Gerais apresentaram elevados totais de precipitação. No norte da Região Norte, choveu acima da média histórica, com os maiores totais mensais no norte do Amazonas e Pará. Na Região Sul, choveu predominantemente acima da média histórica e destacaram-se as cidades de Paranaguá-PR e Passo Fundo-RS, onde os totais mensais excederam 250 mm. Contudo, as chuvas ocorreram muito abaixo do esperado no sul do Amazonas, Rondônia, Tocantins, norte da Região Centro-Oeste e no oeste da Região Nordeste.

As condições oceânicas e atmosféricas estiveram consistentes com a atuação do fenômeno El Niño sobre o Oceano Pacífico Equatorial, porém com fraca intensidade. Destacaram-se a expansão da área com anomalias positivas de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) e o enfraquecimento dos alísios na faixa central do Pacífico Equatorial, assim como o aumento da área de anomalias positivas de Radiação de Onda Longa (ROL) na Indonésia, Malásia e leste do Oceano Índico. Sobre o Atlântico Tropical Norte, a persistência de anomalias positivas de TSM é desfavorável para a ocorrência de chuvas na região semi-árida do Nordeste do Brasil.

Durante o mês de novembro, a maioria das estações fluviométricas apresentou um aumento nas vazões em comparação ao mês anterior. No sul da bacia do Paraná, contudo, houve diminuição nas vazões e predominância de desvios negativos em relação à MLT.

Os focos de queimadas detectados no País estiveram 25% inferior aos valores observados em outubro passado, porém dentro do esperado se considerado o início do período chuvoso nas Regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.


A área de anomalias positivas de Temperatura da Superfície do Mar (TSM), entre 1ºC e 2ºC, expandiu na faixa central do Pacífico Equatorial (Figura 1). Destacou-se a região do Niño 4, onde a TSM atingiu 29,6ºC, ou seja, 1,3ºC acima da climatologia (Figura 2 e Tabela 1). O valor do Índice de Oscilação Sul (IOS) foi consistente com a fraca atividade do atual fenômeno El Niño, passando de -1,7 para 0,1 neste mês. Na bacia do Atlântico Norte, permaneceu a extensa área de anomalia positiva de TSM, enquanto que, na bacia do Atlântico Sul, expandiu a área de anomalias negativas de TSM. Esta é uma configuração de dipolo de TSM que, associada ao atual padrão de El Niño, pode ser desfavorável à ocorrência de chuvas no Nordeste do Brasil. No Atlântico Sudoeste, manteve-se a pequena área de anomalias positivas de TSM na região da Bacia do Prata e próximo à costa sudeste do Brasil.

Destacou-se o aumento da região com anomalias positivas de Radiação de Onda Longa (ROL), indicativas de diminuição da convecção, sobre a Indonésia e norte da Austrália (Figura 5). No setor oeste do Oceano Índico, entre a Índia e a África, houve uma considerável expansão da área de anomalias negativas de ROL, ou seja, aumento da convecção, se comparada a outubro passado. Esta situação foi consistente com a evolução do atual fenômeno El Niño. Sobre a América do Sul, observou-se a diminuição da convecção em áreas no interior do continente, consistente com as anomalias negativas de precipitação em algumas regiões no interior do Brasil (ver Figura 14).

O campo de Pressão ao Nível do Mar (PNM) mostrou uma extensa área com anomalias positivas de PNM sobre o Pacífico Sudeste (Figura 6). Nas altas latitudes do Hemisfério Norte, destacam-se as anomalias positivas de PNM próximo à Groelândia. Esta é uma configuração que pode contribuir para a redução das chuvas sobre o Nordeste do Brasil nos meses subseqüentes.

No escoamento em 850 hPa, os alísios continuaram mais fracos ao longo da faixa equatorial do Oceano Pacífico Leste (Figuras 7 e 8). Sobre a região central da América do Sul, manteve-se o escoamento de norte mais intenso que, neste mês, contribuiu para ocorrência de chuvas acima da média no sul do Brasil (ver seção 2.1).

Em 200 hPa, destacou-se o par de anticiclones anômalos sobre a Linha de Data (180º), consistente com a evolução da configuração do fenômeno El Niño (Figuras 9 e 10). Sobre a América do Sul, notou-se a configuração típica de verão, com o aumento da ocorrência de vórtices ciclônicos centrados sobre o setor norte Nordeste do Brasil, em relação ao mês anterior (ver seção 4.2), o que também explica a diminuição das chuvas em relação ao mês anterior. Notou-se, também, a intensificação do jato subtropical sobre o sul do Brasil e norte da Argentina (ver seção 4.1).

O campo de altura geopotencial em 500 hPa evidenciou número de onda 1 e 2 no Hemisfério Sul (Figura 12). Destacaram-se as anomalias negativas de geopotencial sobre o Pacífico Sul e passagem de Drake (ver seção 7).

As chuvas intensas que ocorreram principalmente nos setores centro e sul do Brasil estiveram associadas à atuação de sistemas frontais e à configuração de dois episódios de ZCAS. As Figuras 13 e 14 mostram a precipitação observada em todo o Brasil e os desvios em relação aos valores médios históricos. A distribuição espacial das estações utilizadas na análise de precipitação é mostrada na Figura 15. A análise detalhada do comportamento das chuvas para cada uma das Regiões do Brasil é feita a seguir.

Na Região Norte, as chuvas estiveram associadas à configuração da circulação anticiclônica característica dos meses de verão na alta troposfera (ver seção 4.2) e à atuação de linhas de cumulonimbus que se formaram ao longo da costa. Destacaram-se as cidades de Altamira-PA (282,7 mm), Belém-PA (229,7 mm), Manaus-AM (287 mm) e Tefé-AM (296,6 mm), onde choveu mais que o dobro da média histórica de novembro.

Em novembro, choveu pouco em grande parte do Mato Grosso e norte de Goiás, onde predominaram valores abaixo da climatologia, apesar da atuação dos sistemas frontais e da configuração de três episódios da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Somente em áreas isoladas da Região Centro-Oeste, houve ocorrência de totais de chuvas que excederam 250 mm e estiveram acima da média histórica.

Climatologicamente, chove pouco em grande parte do Nordeste durante novembro, por esta razão, os valores acumulados podem facilmente exceder a média mensal. Neste mês, choveu o dobro da média histórica em Vitória da Conquista-BA, Salvador-BA, Monteiro-PB, Campina Grande-PB, Recife-PE e Ceará Mirim-RN. Ressalta-se que, nas cidades de Barra-BA (111 mm), Monteiro-PB (73,6 mm), Cabrobó-PE (39 mm) e Ceará Mirim-RN (88 mm), os valores observados foram atípicos para essa época do ano. No norte do Maranhão, as chuvas acima da média histórica estiveram associadas à formação de áreas de instabilidade decorrentes do primeiro episódio de ZCAS e à configuração de Linhas de Instabilidade (LI's), respectivamente na 3ª e 4ª pêntadas de novembro.

As chuvas estiveram associadas principalmente à atuação de sistemas frontais, favorecidos pela umidade e calor sobre a Região. As áreas mais afetadas pelo excesso de chuva foram as localizadas nos setores leste e nordeste da Região Sudeste. Na cidade de Franca-SP, o acumulado de chuva em novembro foi de 359,6 mm, enquanto a climatologia é de 201,2 mm. Destacaram-se, também, as cidades de Ubatuba-SP e São Paulo, capital, onde as chuvas estiveram acima da média, com valores mensais respectivamente iguais a 326,6 mm e 258,3 mm. Nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, houve predominância de chuva acima da média, com totais mensais superiores a 300 mm nas cidades de Diamantina e Teófilo Otoni, em Minas Gerais, e em Linhares e São Mateus, no Espírito Santo.

Na Região Sul, as chuvas foram ocasionadas pela atuação das frentes frias e estiveram predominantemente acima da média histórica. Nas cidades de Curitiba-PR (231,9 mm), Paranaguá-PR (357,3 mm), Florianópolis-SC (239,8 mm) e Passo Fundo-RS (289,9 mm), os totais acumulados excederam a média em mais que 100 mm.

Em novembro, as temperaturas máximas e mínimas estiveram próximas a acima da média histórica em grande parte do País. Os maiores valores de temperatura máxima ocorreram no norte da Região Nordeste, onde variaram entre 34oC e 36oC, porém os maiores desvios positivos foram observados em áreas isoladas de Pernambuco, Goiás, Paraná e São Paulo (Figuras 16 e 17). Considerando a temperatura mínima, os valores variaram entre 14oC, na Região Sul, a 24oC, no extremo norte do País (Figura 18). Considerando a climatologia, observaram-se desvios positivos até 5ºC no norte do Paraná (Figura 19). A entrada de uma massa de ar frio proporcionou baixas temperaturas e ocorrência de geada no Rio Grande do Sul (ver seção 3.2). No setor centro-sul da Região Sudeste, os valores de temperatura média variaram de 23ºC a 25ºC (Figura 20), mantendo-se a predominância de desvios positivos se comparado ao mês anterior (Figura 21).

Em novembro, quatro frentes frias atuaram no Brasil. A climatologia é de sete sistemas frontais entre 25ºS e 35ºS (Figura 22). Destas frentes, apenas duas avançaram para latitudes mais baixas, uma chegou até o sul da Bahia e outra até o Rio de Janeiro.

O primeiro sistema frontal chegou ao Brasil no decorrer do dia 03 e atingiu Rio Grande-RS no dia 04. Esse sistema foi rápido e não causou evento significativo no Brasil.

O segundo sistema frontal ingressou pelo litoral e interior da Região Sul no dia 06. Esta frente deslocou-se pelo litoral da Região Sudeste, atingindo a cidade de Caravelas-BA no dia 09. Este sistema ficou estacionário no litoral sul da Bahia e, juntamente com a atuação de um cavado em níveis médios da atmosfera e de um vórtice ciclônico em altos níveis, entre os dias 10 e 14, deu origem à Zona de Convergência do Atlântico Sul (ver seção 3.3.2). Este evento causou chuvas significativas na Bahia e no Espírito Santo. Segundo dados do INMET/Salvador, a chuva acumulada entre os dias 11 e 13 foi igual a 130,8 mm. Em Vitória, a precipitação acumulada em quatro dias (11 a 14) foi igual a 124,4 mm, o que representou mais da metade do esperado para o mês de novembro na capital capixaba.

O terceiro sistema também se deslocou pelo interior e litoral da Região Sul, entrando no Brasil no dia 16. Este sistema deslocou-se pelo litoral dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, posicionando-se no Rio de Janeiro-RJ no dia 21, às 00:00 TMG. Ocorreram chuvas fortes em Passo Fundo-RS, registrando-se 100 mm no dia 17 (instabilidade pré-frontal) e valor acima de 86 mm entre os dias 18 e 19.

A quarta frente fria ingressou pelo litoral do Rio Grande do Sul no dia 26, deslocando-se até Torres-RS. Pelo interior, esta frente deslocou-se até Santa Maria-RS.

Seis massas de ar frio atuaram no Brasil, sendo que duas destas massas de ar atuaram apenas no extremo sul do Rio Grande do Sul, a primeira e a quinta. Outras três massas, ao ingressar no sul do País, deslocaram-se para o oceano, causando declínio de temperatura principalmente na faixa litorânea das Regiões Sul e Sudeste. Somente a terceira massa de ar frio teve sua trajetória continental, atuando desde a Região Sul até as Regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil.

O primeiro anticiclone atuou apenas sobre o extremo sul do Rio Grande do Sul no dia 02, deslocando-se para o oceano no dia seguinte.

No dia 03, a segunda massa de ar frio ingressou pelo oeste do Rio Grande do Sul, e posteriormente, atuou nos setores centro, sul e litoral deste Estado, estendendo-se desde o litoral de Santa Catarina até o litoral de São Paulo. No dia 05, o anticiclone associado encontrava-se no oceano. A temperatura mínima em Santa Vitória do Palmar foi de 13,4ºC, no dia 03, passando a 9,8ºC no dia seguinte.

No dia 06, a terceira massa de ar frio foi continental e o anticiclone associado ingressou pelo oeste do Rio Grande do Sul, onde houve declínio acentuado da temperatura. Esta massa de ar frio atuou sobre a Região Sul, sul do Mato Grosso do Sul, oeste do Mato Grosso e sobre o Estado São Paulo no período de 07 a 09. Na cidade de Santa Maria-RS, registrou-se 20,4ºC no dia 06, passando a 12,7ºC no dia seguinte. Em Uruguaiana-RS, a menor temperatura ocorreu no dia 08 e foi igual a 10,6ºC. A partir do dia 09, o anticiclone permaneceu sobre o Oceano Atlântico, causando declínio de temperatura no interior da Região Sul, São Paulo, setores central e sul de Minas Gerais e na faixa litorânea, desde o sul do Rio Grande do Sul até o Espírito Santo. Ressalta-se que os dias mais frios ocorreram em Santa Maria-RS (6ºC, no dia 08), Bom Jesus-RS (3ºC, no dia 09), São Joaquim-SC (5ºC, no dia, no dia 09) e em Santa Vitória do Palmar (10ºC, nos dias 09 e 10), segundo dados do INMET. No sul do Mato Grosso do Sul, houve um declínio da temperatura mínima no dia 09, de até 3ºC, e no Mato Grosso, no dia 14, de até 5ºC. No litoral do Espírito Santo, as menores temperaturas foram registradas no dia 10.

No dia 18, a quarta massa de ar frio ingressou pelo centro-sul do Rio Grande do Sul. Nos dias 19 e 20, o anticiclone associado deslocou-se para leste, posicionando-se sobre o oceano no dia 21. Em Santa Vitória do Palmar-RS, a temperatura mínima foi de 12,9ºC, no dia 19, passando a 7,8ºC no dia seguinte.

No decorrer do dia 23, um anticiclone fraco atuou no extremo sul do Rio Grande do Sul, deslocando-se para o oceano no dia seguinte.

O sexto anticiclone atuou nos dias 26 e 27 no sul do País e deslocou-se pelo litoral dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, indo, posteriormente, para oceano. O declínio de temperatura foi de até 2ºC em algumas cidades destes Estados.

A atividade convectiva foi maior sobre o Brasil Central nas pêntadas 1ª, 2ª e 6ª (Figura 23). Nas pêntadas 2ª e 3ª, destacou-se a atuação do segundo sistema frontal e a configuração de um episódio de ZCAS (ver seção 3.3.1). Em todas as pêntadas, destacou-se a moderada atividade convectiva sobre a Região Norte, ressaltando-se a intensa formação de áreas de instabilidade no setor norte, quando da atuação da ZCAS. A banda de nebulosidade associada à Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) manteve-se praticamente zonal na maioria das pêntadas, oscilando em torno de 5ºN (ver seção 3.3.2).

Em novembro, foram observados dois episódios da Zona de Convergência do Atlântico do Sul (ZCAS). O primeiro episódio configurou-se no período de 10 a 14, sendo responsável pelas anomalias positivas de precipitação entre o norte de Minas Gerais e o sul da Bahia (Figura 24). O segundo episódio iniciou sua configuração no dia 26, estendendo-se até o mês seguinte, e será discutido na próxima edição do Boletim Climanálise (Volume 21, Nº 12).

No primeiro episódio, a banda de nebulosidade associada à ZCAS cobriu grande parte da Amazônia, das Regiões Nordeste e Sudeste, estendendo-se até o Oceano Atlântico (Figura 24a). Houve grande atividade convectiva no leste do Brasil e intensa convergência de umidade em 850hPa desde o norte do Amazonas até a Bahia e Minas Gerais (Figura 24b). Em 500 hPa, destacou-se o intenso movimento vertical na fronteira entre as Regiões Sudeste e Nordeste do Brasil e a grande área de subsidência sobre a Região Sul. Nota-se, também, a presença do cavado em 500 hPa e 200 hPa, onde se ressalta a intensa divergência horizontal reflexo da alta atividade convectiva no leste brasileiro (Figuras 24c e 24d). Ainda em altos níveis, o vórtice ciclônico estabeleceu-se bem ao norte da região de atuação da ZCAS.

A Figura 24e ilustra os elevados índices pluviométricos associados a este episódio de ZCAS, com valores acima de 200 mm no nordeste de Minas Gerais.

Durante o mês de novembro, a banda de nebulosidade associada à Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) oscilou em torno de sua posição climatológica, entre as latitudes 5oN e 10ºN (Figura 25). A maior atividade convectiva associada à ZCIT foi notada sobre o Oceano Atlântico, com exceção da 1ª e 2ª pêntada, quando ainda se observou intensa atividade convectiva sobre o noroeste da África (Figura 26). A maior influência da ZCIT sobre o extremo norte da América do Sul ocorreu na 4a pêntada, quando também contribuiu para a intensificação de Linhas de Instabilidade (LI's) ao longo da costa brasileira (ver seção 3.3.3).

As Linhas de Instabilidade (LI's) foram observadas em 16 dias do mês de novembro. De modo geral, as LI's apresentaram-se melhor configuradas e com maior desenvolvimento das nuvens cumulonimbus em comparação ao mês anterior, estendendo-se preferencialmente entre as Guianas e o norte do Maranhão (Figura 27). Nos dias 17 e 18, a formação de dois episódios de aglomerados de Cumulunimbus junto à costa norte brasileira proporcionou a ocorrência de chuvas mais intensas entre os Estados do Amapá e Maranhão, onde os totais acumulados no mês ficaram acima da climatologia (ver Figura 14, seção 2.1). Ressalta-se que, nestes dias, a ZCIT atuou nas proximidades da costa norte do Brasil (ver seção 3.3.2).

Em novembro, a maior atividade do jato subtropical foi notada sobre o centro-norte da Argentina e Uruguai, com magnitude média mensal entre 30 m/s e 50m/s. A posição e magnitude médias do jato subtropical foram consistentes com o padrão climatológico para este mês (Figura 28a).

No período de 08 a 13, a magnitude média do jato subtropical atingiu magnitude superior a 70 m/s sobre o Uruguai, sul do Brasil e Oceano Atlântico adjacente, conforme ilustra o escoamento em 200 hPa correspondente ao dia 08 (Figura 28b). Neste período, observou-se a intensificação e o deslocamento do segundo sistema frontal à superfície até o sul da Região Nordeste. O jato subtropical voltou a apresentar magnitude superior a 60 m/s sobre o norte da Argentina, Uruguai e Oceano Atlântico nos dias 17 a 19 (28c). A (Figura 28d) ilustra o terceiro sistema frontal à superfície, cuja nebulosidade esteve associada à maior atividade do jato subtropical no dia 17. Entre os dias 18 e 19, ocorreram chuvas fortes no oeste de Santa Catarina e sudoeste do Paraná, com precipitação de granizo e ventos de até 60 km/h em Cascavel-PR (Fonte:REDEMET).

Ressalta-se, ainda, a situação observada no dia 20, quando houve a atuação do jato subtropical, com magnitude de até 50 m/s, e de um cavado em 500 hPa sobre a Região Sudeste do Brasil, resultando também em precipitação de granizo nas cidades de Rio Claro-SP, Bauru-SP e Ribeirão Preto-SP, e ventos de até 59,4 km/h nesta última cidade (Fonte: Folha de São Paulo e Instituto Agronômico de Campinas).

O centro da alta troposférica configurou-se em praticamente todo o mês de novembro, posicionando-se preferencialmente sobre a Bolívia, Peru e Região Centro-Oeste do Brasil (Tabela 2). Na média mensal, o centro da circulação anticiclônica esteve configurado sobre o leste da Bolívia, em aproximadamente 15ºS/62ºW, ao sul de sua posição climatológica (Figura 29).

Os Vórtices Ciclônicos em Altos Níveis (VCAN) atuaram em oito episódios no decorrer do mês de novembro. A maioria dos centros destes sistemas foi observada ao norte de 15ºS, sobre as Regiões Norte e Nordeste do Brasil e oceano adjacente, consistente com o padrão característico dos meses de verão (Figura 30a). Os episódios que se configuraram nos períodos 09 a 13 e de 27 a 30 estiveram associados à caracterização de dois episódios de ZCAS (ver seção 3.3.1), conforme ilustram as imagens de satélite das Figuras 30b e 30c.

Durante o mês de novembro, as bacias do Atlântico Leste e Uruguai e os setores oeste da bacia do Amazonas, norte da bacia do Paraná e sul da bacia do São Francisco receberam aportes importantes de precipitação. A maioria das estações fluviométricas apresentou um aumento nas vazões em comparação ao mês anterior. No sul da bacia do Paraná, houve diminuição nas vazões e predominância de desvios negativos se comparadas à MLT.

A Figura 31 mostra a localização das estações utilizadas nestas análises. A evolução temporal da vazão, para cada uma destas estações, e as respectivas Médias de Longo Termo (MLT) são mostradas na Figura 32. Os valores médios das vazões nas estações utilizadas e os desvios em relação à MLT são mostrados na Tabela 3.

Na estação Manacapuru-AM, as vazões foram calculadas a partir das cotas observadas no Rio Negro, utilizando um modelo estatístico (ver nota no 8 no final desta edição). Em novembro, as cotas do Rio Negro apresentaram uma altura média de 17,66 m, com máxima de 19,12 m e mínima de 17,01 m (Figura 33).

As estações na bacia do Amazonas apresentaram aumento das vazões, com exceção da estação Coaracy Nunes-AP que apresentou vazão menor que a observada em outubro passado. Considerando a MLT, apenas a estação Manacapuru-AM apresentou desvio negativo. A estação Tucuruí-PA, na bacia do Tocantins, também apresentou comportamento similar à maioria das estações do Amazonas, ou seja, vazão superior àquela registrada no mês anterior e maior que a MLT. O mesmo foi notado nas estações da bacia do São Francisco.

As estações localizadas no norte da bacia do Paraná tiveram vazões superiores àquelas observadas no mês anterior e, em geral, superiores à MLT. A exceção ocorreu na estação de Furnas-MG, no leste da bacia, que apresentou um desvio negativo. Já na parte sul da bacia, as vazões foram menores que no mês passado e abaixo da MLT.

Na bacia do Atlântico Sudeste, as estações apresentaram aumento nos valores de vazão, Considerando a MLT, as estações de Registro-SP e Blumenau-SC apresentaram desvios negativos, apesar das anomalias positivas na precipitação registradas no Vale do Itajaí (Tabela 3). A estação Passo Fundo-RS, na bacia do Uruguai, também apresentou aumento da vazão e desvio positivo em comparação à MLT.

Em novembro, cerca de 12.800 focos de queimadas foram detectados no País, pelo satélite NOAA-12 (Figura 34). Este valor ficou 25% inferior aos valores observados em outubro passado, porém dentro do esperado se considerado o início do período chuvoso nas Regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil (ver seção 2.1).

Considerando o mesmo período de 2005, o número de focos foi 50% inferior, mantendo-se a tendência de redução significativa observada nos meses anteriores. A retração nos agronegócios da soja e a ocorrência de anomalias positivas de precipitação podem ter contribuído para a diminuição das queimadas. Ainda em comparação a novembro de 2005, houve redução significativa das queimadas em quase todos os Estados, especialmente na Região Nordeste: 86% na Bahia (160 focos); 48% no Ceará (2.270 focos); 77% no Piauí (824 focos), 64% no Maranhão (2.750 focos), 30% em Pernambuco (465 focos) e 15% na Paraíba (500 focos); e, na Região Norte, houve redução de 45% no Pará (2.800 focos). Entretanto, na Região Centro-Oeste, houve moderado aumento das queimadas em função das anomalias negativas de precipitação no Mato Grosso (1.500 focos) e no Mato Grosso do Sul (310 focos). Comportamento semelhante foi observado nos Estados de Rondônia (260 focos) e Paraná (160 focos).

Em função da estiagem e temperaturas elevadas, algumas Unidades de Conservação, federais e estaduais, além de terras indígenas, foram atingidas pelo fogo nas Regiões Norte e Nordeste, destacando-se a Reserva Biológica do Gurupi (213 focos), no Maranhão, e a Fazenda Nacional do Tapajó (23 focos), no Pará.

Em novembro, foram observadas anomalias negativas de Pressão ao Nível do Mar (PNM) nos mares de Ross, Amundsen, Weddell e Lazarev, atingindo até -5 hPa. Anomalias positivas ocorreram nos mares de Bellingshausen e Dumont D´urville (Figura 35). No nível de 500 hPa, registrou-se anomalia positiva de geopotencial no platô antártico (ver Figura 12, seção 1).

O campo mensal de anomalia de vento em 925 hPa apresentou escasso escoamento de ar de sul para norte, desde o mar de Weddell para o sudoeste do Atlântico e em direção ao sul do Brasil (Figura 36). Assim, como em 2005, foram registrados somente dois episódios deste escoamento de ar sul para norte, totalizando três dias. Como conseqüência, a temperatura esteve dentro da média no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e acima da média no Paraná. Em novembro de 2004, houve três episódios deste escoamento, totalizando nove dias, o que resultou em anomalias negativas de temperatura média mensal no sul do Brasil.

A temperatura do ar em 925 hPa apresentou-se acima da média, em até 2ºC, nos mares de Weddell, Ross e Lazarev, e até 2ºC abaixo da média nos mares de Amundsen, Bellingshausen e na passagem de Drake (Figura 37). No nível de 500 hPa, registraram-se temperaturas cerca de 2ºC acima da climatologia no interior do continente.

Considerando ainda o campo de anomalia do vento, observa-se uma circulação ciclônica organizada na região da Península Antártica, entre os mares de Bellingshausen e de Weddell, no nível de 925 hPa (ver Figura 36), que propiciou advecção de ar de sul proveniente do sudoeste do mar de Bellingshausen em direção ao sul da América do Sul e, posteriormente, até o mar de Weddell. Esta configuração contribuiu, possivelmente, para a permanência da retração na extensão do gelo marinho nos mares de Bellingshausen e de Weddell (Figura 38).

Na estação brasileira, Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), registraram-se ventos predominantes de sudoeste e norte. A magnitude média mensal do vento foi de 5,6 m/s, igual a média climatológica para novembro. O destaque para este mês foi o recorde de PNM, 949 hPa, o mais baixo valor já registrado neste mês. A temperatura média do ar, igual a 0,2ºC, ficou pouco acima da média histórica (0ºC), e manteve a tendência de temperaturas acima da média mensal observadas neste ano, com exceção dos meses de agosto e setembro. Durante todo o primeiro semestre, as temperaturas estiveram cerca de 2ºC acima da climatologia. Dados anuais completos e resumos mensais, bem como a climatologia da EACF (período de 1985 a 2006) encontram-se disponíveis no site http://www.cptec.inpe.br/prod_antartica/data/resumos/climatoleacf.xls.

[Figura A] [Figura B]

[Figura 1] [Figura 2] [Figura 3] [Figura 4] [Figura 5] [Figura 6] [Figura 7] [Figura 8] [Figura 9] [Figura 10] [Figura 11] [Figura 12] [Figura 13] [Figura 14] [Figura 15] [Figura 16] [Figura 17] [Figura 18] [Figura 19] [Figura 20] [Figura 21] [Figura 22] [Figura 23] [Figura 24] [Figura 25] [Figura 26] [Figura 27] [Figura 28] [Figura 29] [Figura 30] [Figura 31] [Figura 32] [Figura 33] [Figura 34] [Figura 35] [Figura 36] [Figura 37] [Figura 38]

[Tabela 1] [Tabela 2] [Tabela 3] [Tabela 4]

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